Em fevereiro de 2018, desloquei-me de carro, de Vitória até Guimarânia, a terra dos Guimarães (MG), num percurso de mais de mil quilômetros, para assistir a um desfile escolar de rua, com bandas, fanfarras e carros alegóricos.
Alguém insinuou que seria melhor fazer a metade desse percurso, até à Marquês de Sapucaí, no Rio. Além de mais perto, o desfile certamente superaria em muito o da pequena cidade mineira. Para mim, seguramente não superaria. O evento de Guimarânia teria sabor de infância e de mineirice. Lembro-me com saudades dos desfiles escolares de minha infância e juventude, em Patos de Minas, durante na Fenamilho (Festa Nacional do Milho), todo mês de maio, e em setembro, na Festa da independência brasileira.
O desfile de Guimarânia superaria também os de minha juventude, pelo fato de ter sido feito em homenagem a uma pessoa que me é muito querida, à ex-professorinha que me ensinou o “be-a-bá”, há seis décadas. Anatildes Nunes foi também a pioneira na pesquisa histórica da “terra dos Guimarães”, situada na região do Alto Paranaíba.

“Trata-se de uma história tecida com fios coloridos de boa vontade, respeito, paciência, persistência e muito carinho”. Foi o que afirmou a prefaciadora do livro, Valci Aparecida Xavier Guimarães, que, na época, ocupava o cargo de Secretária de Educação e Cultura do município. A brilhante ideia dos mentores projeto, Valci e o prefeito Virmondes Machado, foi concretizada graças à perseverança da pesquisadora. A publicação foi feita em tiragem restrita de 500 exemplares, sob os auspícios do poder público, na ocasião do cinquentenário de Guimarânia.


Não vou me ater aos detalhes do desfile. As fotos falam por si. Encerro essa curta nota citando o último parágrafo do prefácio de Valci Guimarães, no qual ela se refere à autora do livro: “... se Guimarães Rosa afirmou que ‘o sertão é o mundo’, essa mulher, verdadeira tecelã, teve a ousadia e a coragem de tecer e registrar um mundo de histórias vividas e contadas por pessoas que se tornam iguais em sentimentos e lutas em suas travessias de vida.”