O
interior da sinagoga é magnificente, como se vê na foto. Um templo tão
grandioso e majestoso quanto as grandes catedrais europeias. A Sinagoga de
Budapeste é a maior da Europa e a segunda maior do mundo, com capacidade para
três mil fiéis assentados. O estilo arquitetônico é neomourisco ou neoislâmico,
com elementos inspirados na arte bizantina e gótica.
Duas
torres se destacam, na fachada, com relógios oitocentistas e cúpulas ricamente
ornamentadas. O conjunto arquitetônico, além do templo, consta de um memorial
do holocausto, um museu e um cemitério. Hoje, além de principal templo da
comunidade judaica, é um dos marcos da cidade e ponto de atração turística.
No pátio
interno, há uma bela escultura, que representa a caminhada dos judeus para a
morte, durante o holocausto húngaro, no qual cerca de 600 mil perderam a vida,
durante Segunda Grande Guerra. Nesse período, segundo estatísticas, houve um
extermínio mundial de mais de seis milhões de judeus.
Na área
externa existe um jardim transformado em cemitério durante a ocupação nazista,
entre 1944 e 1945. Diferentemente dos templos cristãos, não se enterram mortos
dentro dos templos, pelo fato de os cadáveres serem considerados impuros. Em
vez de flores, colocam-se pedras nos túmulos (ver fotos). A justificativa é bem
plausível: flores têm vida curta, enquanto pedras são eternas, como a
morte.
No mesmo
pátio externo, há uma interessante obra de arte, em alumínio, chamada Árvore da
Tristeza por alguns, e Árvore da Vida por outros. Em cada folha, consta um
nome. Não entendi bem se se trata de nomes dos judeus mortos no holocausto, ou
de nomes daqueles que ajudaram a salvar vidas judias.
Tal
árvore metálica tem o formato de um salgueiro chorão (salixbabylonica), ícone
muito bem escolhido para simbolizar o pranto pelas vítimas do holocausto.
Junto à
árvore, há outra escultura representando as tábuas da lei. Estranhamente, tais tábuas
são ocas, para demonstrar que não há lei em tempos belicosos.
Muitas
perguntas ficaram sem respostas. A língua húngara, totalmente incompreensível
para mim, foi uma barreira de muitos conhecimentos que poderiam ter sido
adquiridos por meio do contato com a população local. Agrada-me muito mais o
contato com os habitantes, que o simples turismo. Gosto de comparar hábitos,
usos e costumes dos diversos povos. Para isso o acesso ao idioma local é muito
importante. Em Budapeste, desisti de pedir informações. A grande maioria da
população só fala a língua local. Aos poucos descobri que era possível obter
alguma informação em inglês, junto aos jovens. Eles têm acesso ao estudo de
idiomas, o que provavelmente não aconteceu com seus pais e avós, que viveram
durante o regime comunista.
Quem não
conhece a língua húngara, mesmo tendo dificuldades de comunicação, deve visitar
Budapeste. Aliás, a famosa tríade do Leste Europeu (Viena, Praga e Budapeste) é
imperdível. Impossível dizer qual das três é mais bela e interessante.
Jô Drumond
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