segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PRECONCEITO

Por Jô Drumond

(Baseado em fato ocorrido no maranhão)
Alba se interessou por um belo rapaz afro-descendente e engatou com ele um namoro sem grandes pretensões. A cada dia descobria novas qualidades no pretendente e cada vez mais se interessava por ele. Sua mãe, bastante preconceituosa, não via aquilo com bons olhos, mas não fazia nenhuma oposição, certa de que se tratava de um namorico passageiro.
Ao perceber que o relacionamento estava ficando sério, com possibilidades de futuros desdobramentos, começou a fazer críticas veladas. Como tempo essas críticas foram se desvelando. No dia em que Alba lhe disse que pretendia se casar, a máscara da futura sogra caiu por terra.
Sem pestanejar, deu-lhe a seguinte resposta:
─ Minha filha, veja bem! Se algum dia eu estiver com um lindo netinho loiro de olhos azuis no colo, e se você chegar com um mulatinho com cabelo pimenta do reino, não pense que vou preterir o filho de sua irmã, pelo seu. Depois não diga que eu não lhe avisei.
Alba decepcionou-se com o preconceito da mãe. Bateu pé, investiu ainda mais no relacionamento e acabou se casando. Os filhos da irmã nasceram loiros de olhos claros, porém desprovidos de beleza, ariscos e chorões. Já seus filhos híbridos, com pele cor de jambo, tinham uma beleza singular, além de grande simpatia, afetividade e muita vivacidade. A avó acabou se apaixonando pelos filhos de Alba. Descobriu que café com leite dá boa mistura. Desde então, aboliu todo e qualquer resquício preconceituoso que algum dia povoara sua mente. Além do mais, tornou-se ardente defensora do hibridismo étnico.

*Jô Drumond (Josina Nunes Drumond)
Membro de 3 Academias de Letras
(AFEMIL, AEL, AFESL) e do Instituto Histórico (IHGES