Há cerca de uma
década, tive acesso ao resultado de uma enquete feita na cidade de São
Paulo,
cujo objetivo era detectar os maiores sonhos de consumo dos habitantes daquela
megalópole. Por incrível que pareça, os maiores desejos dos paulistanos
correspondiam ao que se tem e ao que se vive em pequenas cidades: morar numa
casa com jardim e quintal, almoçar juntamente com a família, morar perto do
trabalho... Esse resultado deixa patente que o progresso pode representar um
retrocesso na qualidade de vida dos cidadãos.
Jô Drumond |
Sabe-se que os
problemas enfrentados com resignação (ou não) pela maioria dos habitantes das
metrópoles são os mesmos: a correria do dia a dia, o ritmo frenético da cidade
grande, o trânsito infernal, engarrafamentos, poluição, exiguidade dos
apartamentos, espigões, falta de relacionamento amistoso com a vizinhança... Na
rua, cada um representa apenas um dado estatístico. Um desconhecido entre
desconhecidos, após oito horas diárias de trabalho, acrescidas de uma a quatro
horas no trânsito, volta cansado e sem disposição para dar atenção à família. O
salário, na maioria das vezes, não compensa o transtorno, nem o esforço.
Com o advento do
emprego flexível, devem-se revisar as relações
trabalhistas. Abole-se a tradição de “bater ponto”. O trabalho pode
ser feito na rua, numa praça, num parque, em casa, enfim, em qualquer lugar,
desde que haja conexão. A cada dia, um maior número de profissionais adere ao
trabalho remoto. Reuniões são feitas à distância, pelo Skype, contatos
profissionais são feitos pelas redes sociais, sobretudo pelo WhatsApp. Para quem quer abrir
seu próprio negócio, há o home based, uma espécie de franquia que
permite gerenciar tudo sem sair de casa. Os investimentos são mais baixos;
evitam-se, por exemplo, a compra e a manutenção de um ponto comercial.
Nesse período de
transição ainda há insegurança e dificuldade de adaptação, mas com o tempo tudo
se ajeita. A comunicação via satélite é um caminho sem volta. No século XXI, os
trabalhadores terão que se adaptar à Revolução Tecnológica, assim como os do
século XVIII tiveram que se adaptar à Revolução Industrial.