domingo, 7 de maio de 2017

PARIS, SEMPRE PARIS


Até a primeira metade do século XX, um dos charmes de Paris eram os Clochards, mendicantes sujos e malcheirosos, sempre dispostos a discussões filosóficas com quem quer que fosse. Na verdade, muitos desses clochards eram intelectuais decaídos devido a vícios, desenlaces familiares ou desilusões. Havia entre eles os existencialistas e/ou niilistas que, não encontrando o sentido da vida, encharcavam-se no absinto, bebida alucinógena conhecida como “a fada verde”, para atenuar a dor de existir.

Bem aceitos pela juventude da época, eram vistos como inadaptados a uma sociedade capitalista e produtivista. De certa forma, simbolizavam a liberdade, pelo fato de não se submeterem aos ditames do consumismo. Era usual ver estudantes daUniversité de Sorbonne entabularem longas conversas com eles, sob os ponts de Paris.

Infelizmente, os tempos mudaram para pior. A partir da década de 70, surgiram os SDF (Sem Domicílio Fixo), de todas as idades, oriundos do interior, desempregados, à procura de melhores condições de vida na capital. Perdeu-se o perfil romântico dos mendigos parisienses.

  Hoje em dia, a questão se agravou ainda mais, devido ao contingente imigratório, sobretudo de países africanos e asiáticos. Mendigos de todo tipo pululam por toda parte. Os parisienses tiveram que aprender a conviver com a diversidade étnica e cultural, assim como a se habituar com o aumento do índice de violência urbana.  Hoje não se pega mais o metrô, nem o trem de subúrbio (conhecido como RER) com a mesma tranquilidade de antes. Os partidários do grupo Estado Islâmico aterrorizam a Cidade Luz. Nunca se sabe quando como e onde será o próximo atentado. Em qualquer ambiente, a qualquer hora do dia pode-se ocorrer uma tragédia. No entanto, Paris continua aparentemente a mesma: linda, charmosa, encantadora e romântica.

Jô Drumond