Jô Drumond
Parte-se de base sólida, em madeira, contendo o nome do leitor, passa-se pela consistência sintática e morfológica do livro e chega-se à volitante inconstância das letras, guiadas por um beija-flor. Letras se descolam do livro, se deslocam em torvelinho e alçam voo "colibritante".
Sabe-se que o voo é um elo entre o plano terrestre e o celeste. Simboliza também liberdade, movimento e audácia. As letras, por sua vez, representam o movimento. O colibri, tido como mensageiro de tempo, simboliza o infinito.
Destarte, a obra contendo letras em movimento, aliadas ao voo de um beija-flor, pode representar a infinita liberdade proporcionada pelo conhecimento, por meio da leitura.
No percurso livro/leitor/leitura, parte-se da concretude do livro, passa-se pela imponderável magia do significante e chega-se à inefabilidade do significado. Ao abrir uma página, abre-se a comporta dos sonhos. A revoada de letras corresponderia ao efeito da leitura.
Assim como o voo de um pássaro, o livro entremeia terra e céu, forma e conteúdo, concreto e abstrato (pés no chão e cabeça nas nuvens).
Na obra de Ana Paula Castro, tipos moldados, normalmente presos à sintaxe, se misturam, se desmantelam e se dispersam no ar, ensejando a fruição de veleidades resguardadas no recôndito do ser.
Parabéns ao Clube do Livro, por ensejar novos horizontes a cada indicação de leitura. Obrigada, presidente Simone, pela memorável tarde comemorativa da maioridade de nosso Clube (18 anos).
Jô Drumond (Josina Nunes Drumond)
Membro de 3 Academias de Letras (AFEMIL, AEL, AFESL)e do Instituto Histórico (IHGES