Por: Jô Drummond
(Texto feito no dia de finados, em homenagem aos vivos)
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(Texto inspirado na imagem de Luiz Clementino, publicada no livro de fotos Pelos Sertões, pg.132) |
Parado no meio da estrada e da vida, sem alegria nem tristeza, o matuto
cinquentão não sabe se vai ou se fica. Já percorreu muito chão e ainda há a
percorrer. Chapéu e pito de palha, olhar perdido a vaguear na lerdeza do tempo,
põe-se a matutar. Qualquer lugar é bom pra morrer, mas desde que se chega ao
mundo há um tempo a percorrer, sem astúcia de atalhos. Voltar já não pode; o
passado já passou. Ficar não lhe apraz; não há o que fazer. Só lhe resta seguir
adiante, mas seguir para onde? A estrada não leva a parte alguma. Da vida que
leva, só levará os andrajos para ocultar a carcaça. Dessarte, o melhor é seguir
em frente, caminhar, caminhar e caminhar... até aonde a vista não alcança; o
importante não é chegar; é prosseguir a andança sem desassossego; é vaguear
pelas vírgulas da estrada sem parar nos pontos de interrogação e sem cisma de
ponto final;
*Jô Drumond (Josina Nunes Drumond)
Membro de 3
Academias de Letras
(AFEMIL, AEL,
AFESL) e do
Instituto Histórico
(IHGES)