domingo, 3 de novembro de 2013

O CAMINHO SE FAZ AO CAMINHAR

Por: Jô Drummond

(Texto feito no dia de finados, em homenagem aos vivos)

(Texto inspirado na imagem de Luiz Clementino,
publicada no livro de fotos Pelos Sertões, pg.132)
Parado no meio da estrada e da vida, sem alegria nem tristeza, o matuto cinquentão não sabe se vai ou se fica. Já percorreu muito chão e ainda há a percorrer. Chapéu e pito de palha, olhar perdido a vaguear na lerdeza do tempo, põe-se a matutar. Qualquer lugar é bom pra morrer, mas desde que se chega ao mundo há um tempo a percorrer, sem astúcia de atalhos. Voltar já não pode; o passado já passou. Ficar não lhe apraz; não há o que fazer. Só lhe resta seguir adiante, mas seguir para onde? A estrada não leva a parte alguma. Da vida que leva, só levará os andrajos para ocultar a carcaça. Dessarte, o melhor é seguir em frente, caminhar, caminhar e caminhar... até aonde a vista não alcança; o importante não é chegar; é prosseguir a andança sem desassossego; é vaguear pelas vírgulas da estrada sem parar nos pontos de interrogação e sem cisma de ponto final;

*Jô Drumond (Josina Nunes Drumond)
Membro de 3 Academias de Letras
 (AFEMIL, AEL, AFESL) e do 
Instituto Histórico (IHGES)