Conhecer Paris a pé é uma excelente opção. Para isso, há um grande número de livros especialmente concebidos para ajudar os turistas, com indicação de diversos roteiros. No entanto é melhor que cada visitante trace seu próprio roteiro, na medida de sua preferência, de acordo com sua forma física e dentro do tempo disponível. Apesar de cansativo, não há nada melhor do que flanar pelos grandes bulevares, pelos eixos monumentais, assim como pelas estreitas ruelas do Marais e do Quartier Latin, os bairros mais antigos da cidade.
A caminhada consiste em descer a Avenida Champs Élysées, uma das mais belas do mundo, com pausa no Grand Palais ou no Petit Palais, para visitar exposições permanentes e temporárias.
Continuar a descida do eixo histórico até a Place de la Concorde, no centro da qual há um antigo obelisco* egípcio, de 3.300 anos. Nessa praça, pode-se entrar no museu Orangerie, para admirar as imensas ninfeias impressionistas de Monet, pintadas nas próprias paredes, durante longos anos, em salas elípticas.
Dependendo da condição física do caminhante, seguir pelo Jardin des Tuileries, que dá acesso ao imperdível museu do Louvre, próximo ao qual se vê o Arco do Triunfo do Carrousel, alinhado ao Arco do Triunfo de l’Étoile, ponto de partida do caminhante. A visita ao museu, assaz cansativa devido à monumentalidade da construção, deverá ser feita em outra ocasião. O ideal seria ficar um mês inteiro dentro do Louvre, para ver tudo o que deve ser visto.
Como foi dito, passear tranquilamente, sem pressa, sem destino prefixado, com o único intuito de apreciar a cidade é uma boa pedida, mas um problema se interpõe aos turistas: a carência de banheiros públicos. Ultimamente foram instalados alguns, em esquinas estratégicas, mas a carência continua, devido ao enorme fluxo de pedestres. Aqueles que usam banheiro com mais frequência, como os que fazem uso de diuréticos, se encontram em apuros. Pode-se tentar em um café bar ou restaurante, mas as toaletes são reservadas aos consumidores.
Certo dia, num desses longos passeios, na rue de Rivoli, tínhamos premência em usar uma toalete. Éramos três. Decidimos entrar em um bar, ao lado do Louvre, como consumidores, com outro objetivo específico. Ocupamos uma mesa próxima à saída e pedimos dois copos d’água mineral e um café. Ao me dirigir ao banheiro, fui interpelada por um garçom. Tentou impedir meu acesso, alegando que era reservado aos consumidores. Mostrei-lhe a mesa que estava ocupando, com outras pessoas. O acesso me foi permitido. Um a um, nós três fizemos o mesmo. Ao pedir a conta, surpresa: pipi a preço de ouro! Pagamos mais vinte euros pelo café e pelos dois copos d’água, ou seja, cerca de cem reais. Uma fortuna para brasileiros acostumados a pagar um ou dois reais, em banheiros públicos.
Na rue de Rivoli, encontra-se toda sorte de suvenires. Por isso é muito frequentada pelos turistas. Mas estes passam ao largo do que há de mais interessante nessa rua: os luxuosos antiquários, contendo esplêndidas peças da aristocracia francesa.
Enfim, a cidade luz é uma festa aos olhos, noite e dia. Um passeio noturno de barco, no rio Sena, ao som de violinos, com jantar gastronômico, tendo diante de si a feérica iluminação e a magnificência dos monumentos, ofusca até mesmo a alma.
*Obelisco Luxor foi um presente do vice-rei do Egito Mehmet Ali ao rei da França Carlos X, por volta de 1820. O Egito ofereceu à França três presentes considerados exóticos, durante uma aliança diplomática e militar contra ameaças de Inglaterra: o obelisco, uma dezena de múmias e a primeira girafa a chegar à França. Visitada por 600.000 pessoas, em 1827, essa girafa viveu no Jardin des Plantes, em Paris, até 1845, quando morreu.
Jô Drumond