Um deles,
muito falante, conhecido como Zé da Onça pelo fato de ter enfrentado uma delas, segundo ele, sozinho e desarmado, disse:
─ Minha
gente! Cá pra nós, vou lhes dizer uma coisa. Prestem atenção! Não há nenhum
lugar melhor para se caçar do que a reserva florestal daqui de Santa Teresa.
─ Tá louco,
homem! ─ Exclamou um deles ─ É proibido caçar na reserva! É crime inafiançável!
Você pode ser preso!
─ Eu sei. Tô
cansado de saber! Mas a reserva é grande, e a fiscalização é precária. Nunca vi
um fiscal do Ibama por lá.
Um senhor reservado,
novato no grupo, que até então não se tinha manifestado, lhe perguntou.
─ Como o
senhor se chama?
─ Eu não me
chamo nunca! Meus amigos me chamam por Zé da Onça.
─ Seu Zé, o
senhor caça sempre, dentro da reserva?
─ Claro que
sim!
─ O senhor
sabe com quem está falando?
─ Não. É a
primeira vez que o vejo por essas bandas.
*Jô Drumond
(Josina Nunes Drumond)
Membro de 3 Academias de Letras
(AFEMIL, AEL, AFESL) e do
Instituto Histórico (IHGES)
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Mais que
depressa Zé da Onça lhe fez a mesma pergunta, já com a resposta engatilhada.
─ Muito
prazer! E o senhor? Sabe com quem está falando? Com o maior mentiroso da
região!
Todos caíram
na gargalhada. Ficou o dito pelo não dito e mudaram o rumo da prosa.
O fato virou
caso anedótico na cidade, mas surtiu dois efeitos, para a tranquilidade dos
animais silvestres: Amedrontado, Zé da Onça nunca mais caçou na reserva;
alertado, o fiscal passou a atuar com muito mais rigor junto à sua equipe.