sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


TRIBUTO À CARMEN MIRANDA,
 ÍCONE MUNDIAL DA CULTURA BRASILEIRA
*Jô drumond
 Em 1909, num distrito da cidade do Porto, em Portugal, nasceu Maria do Carmo Miranda da Cunha, chamada desde a infância de Carmen, graças ao gosto de seu pai pela ópera de Bizet. Partiu de sua terra natal, rumo ao Rio de Janeiro, aos dez meses de idade, para não mais voltar. O gosto pela música lhe custou o primeiro emprego, como vendedora de gravatas. Segundo consta, foi despedida por passar o tempo cantando, o que desconcentrava os colegas de trabalho.
Seu primeiro grande sucesso foi "Pra você gostar de Mim (Taí)" de Joubert de Carvalho. Lançado em 1930, o disco bateu todos os recordes, com 36 mil cópias vendidas no primeiro mês  - número muito expressivo para a época. Devido ao machismo reinante, cantores como Francisco Alves, Orlando Silva e Silvio Caldas tinham maiores chances de fazer carreira artística. Carmen foi a primeira mulher a se firmar naquele cenário musical. Em 1933 assinou um contrato de dois anos com a Mayrink Veiga. Foi a primeira cantora de rádio contratada, quando a praxe era o cachê por participação. Ao longo de sua carreira, gravou mais de 300 músicas e participou de 19 filmes, 14 deles nos Estados Unidos, onde residiu durante 14 anos. Em pouco tempo alcançou o patamar das maiores estrelas internacionais. Foi convidada a gravar a marca dos pés, das mãos e a deixar seu autógrafo na Calçada da Fama, em Los Angeles, consagração nunca obtida por nenhuma artista brasileira. No final da década de quarenta e início dos anos cinqüenta tornou-se a artista mais bem paga de Hollywood, assim como a mulher que mais pagava imposto de renda nos EUA.
A Política da Boa Vizinhança implementada pelo governo americano para obter aliados durante a Segunda Guerra Mundial incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Carmen Miranda foi considerada como a artista de maior sucesso desse projeto. Era uma espécie de símbolo não apenas do Brasil, mas da América Latina. Com seus brincos de argolas, babados e balangandãs, representou uma terra desconhecida e exótica, cheia de coqueiros, bananas e abacaxis, atendendo às necessidades fantasiosas e consumistas do público americano naquele período de guerra.
Para conseguir cumprir uma extenuante agenda de trabalho, passou a fazer uso descontrolado de medicamentos. O fato de ser também usuária de tabaco e alcoólatra, potencializou o efeito das drogas e provocou efeitos deletérios em seu organismo. Em agosto de  1955  sofreu um ligeiro desmaio durante um número de dança. Recuperou-se, terminou o número, e, na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills. No momento em que se preparava para se recolher, um colapso cardíaco fulminante interrompeu sua brilhante carreira, aos 46 anos de idade.
Mais do que uma voz, Carmen foi um fenômeno do show business, capaz de envolver a todos com graça e ingênua malícia. Com pouco mais de um metro e meio de estatura, equilibrando-se em altos sapatos de saltos plataforma, a carismática e caricata Carmen tinha o dom de eletrizar platéias com seu jeito particular de cantar e de gesticular. A moda por ela lançada (saltos plataforma, turbantes, babados, roupas coloridas e barriga à mostra) atravessou o século XX e ainda tem ressonâncias em nossos dias.Considerada como precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 60, Carmen Miranda foi uma das artistas mais exuberantes e criativas de sua época. Os belos olhos verdes, o sorriso estonteante, o singular gingado, a exótica indumentária e a forte personalidade celebrizaram-na como um dos símbolos brasileiros mais conhecidos internacionalmente.  

*Jô Drumond é  membro da: 
AEL (Academia Espírito-santense de Letras).
AFESL (Academia Feminina Espírito-santense de Letras)
AFEMIL (Academia Feminina Mineira de Letras)
IHGES (Instituto Histórico e Geográfico do ES).

terça-feira, 5 de março de 2013

O PRAZER DA LEITURA


*Jô Drumond
Há quem culpe a Internet pela evasão dos leitores, mas é provável que se leia mais, hoje em dia, no mundo virtual, mesmo que seja em “internetês”, pois a língua escrita é largamente usada nesse tipo de comunicação.
Na Europa, é usual que cada cidadão tenha sempre em mãos um livro, uma revista, um jornal ou algo similar, nas mais diversas circunstâncias do cotidiano, seja em transportes coletivos, salas de espera, cafeterias ou  praças públicas. O fato é que cada um carrega consigo algo escrito para momentos ociosos.
 Recentemente, cenas inusitadas, envolvendo leitores, atraíram minha atenção. No desembarque, em Munique, o operador da ponte móvel, após o término de sua tarefa, abriu um livro e pôs-se a ler, atentamente, de pé, indiferente ao fluxo dos passageiros. Era como se o entorno não existisse para ele.
Em Paris, presenciei uma cena curiosa, ao flanar sob os arcos da rua Rivoli. Um mendigo, deitado placidamente no passeio público, indiferente aos passantes, parecia usufruir da leitura de um bom  livro. Seu boné fora colocado displicentemente ao lado, para eventuais óbolos. Todavia, as misérias da vida não lhe diziam respeito. Absorto no tempo e no espaço, parecia não se dar conta do constante tilintar de moedas. Seu estratagema era duplamente eficaz: primeiramente porque, sendo ou não leitor voraz, a encenação poderia render bons proventos, considerando que os amantes da leitura (que são muitos na Europa) não deixariam de dar um adjutório àquele infortunado com quem aparentemente teriam alguma afinidade.
Em segundo lugar, porque para o esmoler, talvez seja mais cômodo fazer uma boa ação livre do constrangimento da abordagem “face à face”. Percebe-se que os passantes quase sempre evitam o olhar dos desvalidos. Não se sabe se por comiseração, por pressa, por desprazer... talvez pela incoerente fusão de sentimentos difusos, ou até mesmo pela sensação de impotência diante das dores do mundo. De qualquer forma, aquele pedinte (que não pedia) se fazia merecedor de ajuda, tanto pelo provável gosto da leitura quanto pela perspicácia da mendicância.
Citando Fernando Pessoa, “o mito é o nada que é tudo”.  Realmente, a ficção, muitas vezes, pode ser mais verossímil que a realidade. Embrenhando-se nas aventuras de um bom livro, o leitor escapa da faina do cotidiano e do tempo cronológico. Ao entrar no tempo mítico, pode vislumbrar novos horizontes, conhecer novos mundos, viver outras vidas... enfim, driblar as agruras, as tristezas e os desamores que porventura surjam no dia-a-dia.

*Jô Drumond é  membro da: 

AEL (Academia Espírito-santense de Letras).
AFESL (Academia Feminina Espírito-santense de Letras)
AFEMIL (Academia Feminina Mineira de Letras)
IHGES (Instituto Histórico e Geográfico do ES).

sexta-feira, 1 de março de 2013

Jô lança mais dois livros em vitória, ES

Jô Drumond é escritora, Membro da Academia 
Feminina Mineira de Letras, Membro da Academia 
Feminina Espírito-santense de Letras e "Membro
 do Instituto Histórico e Geográfico do ES".

Você que acessou o blog agora poderá ler a síntese dos livros a serem lançados pela Jô Drumond no próximo dia 13, em Vitória, ES.
TRANCELIM (Contos e crônicas)
Trancelim é dividido em três partes de dez textos cada, a saber: “Minudências da vida”, com contos variados, focalizando tanto a vida rural quanto a urbana; “Minudências de viagem”, contendo flashes culturais de diferentes nações; “Minudências do cotidiano”, com cenas do dia-a-dia.
O livro se abre com um denso conto, “Simplesmente Maria”, que obteve o 1º lugar num concurso interno da Academia Feminina Mineira de Letras; a segunda parte se descortina com uma incursão pelos meândricos igapós e igarapés, na Amazônia inundada; a terceira se inicia com uma flânerie poética pela praia de Camburi, alternando mergulhos do olhar na imensidão azul, e registro das belezas locais, no fervilhante cenário capixaba. O livro se fecha com uma leve crônica de relembramentos de infância. Tais minudências correspondem a retratos da vida tirados aqui, ali e acolá, tendo como pano de fundo os mais diversos cenários, e como temática um colorido leque de acontecências.
AS TRILHAS DA DERRISÃO (ensaio literário)
Este livro é o resultado de uma pesquisa dos mecanismos do Riso em obras de Molière, o maior comediógrafo francês de todos os tempos, e de Martins Pena, o fundador da comédia nacional, considerado por alguns “o Molière brasileiro”. Inicia-se com uma visão panorâmica do Riso através dos séculos, e da Comédia desde seus primórdios. Em seguida, faz-se o levantamento dos aspectos consuetudinários e da sátira social no conjunto da obra de ambos os autores. Num segundo momento, faz-se uma abordagem comparativa dos aspectos estruturais e da proposta musical em O burguês Fidalgo, de Molière, e O Diletante, de Martins Pena, tendo como suporte teórico a teoria Bergsoniana do Riso no que se refere ao risível dos caracteres, das situações e das palavras em ambas as peças.