segunda-feira, 27 de julho de 2020

DA PALMATÓRIA À REDENÇÃO - INFÂNCIA DE ONTEM E DE HOJE

Durante a pandemia, em 2020, as escolas estão adotando aulas on-line para que os alunos não
percam o ano letivo. Há quem goste e quem não goste desse tipo de aula. Guilherme, meu netinho de seis anos, é um azougue. Gosta de correr, pular, jogar bola, fazer estripulias e toda sorte de traquinagens. Para ele é um enorme sacrifício ficar parado, com os olhos fixos na telinha, ouvindo coisas que nem sempre lhe interessam. Há um vídeo em que ele é flagrado cochilando durante uma aula on-line, enquanto se ouve a voz da professora:
─ Reparem bem! Vou lhes mostrar, agora, algo muito interessante. Fiquem ligados aqui na tela.
O cochilo já se transformara em sono profundo. O que era interessante aos olhos da professora, era sonífero para o garoto irrequieto. Certo dia, o tema da aula era a invenção da lâmpada elétrica. Fizeram-se comentários do “way of life” nos tempos da escuridão noturna. Foi-lhes solicitado que imaginassem como seria a vida sem luz elétrica. Em um dado momento, a professora perguntou a cada um como faria para escovar os dentes, antes de dormir. A maioria disse que usaria velas ou fósforos. Certamente desconheciam os artefatos usados por seus ancestrais: lampiões, lamparinas, candeias... Ao chegar a vez de Guigui, diferentemente dos demais, disse na maior tranquilidade:
─ Eu usaria óculos de visão noturna. (deve ter visto algo similar em desenhos animados ou em filmes infantis) 
Meu estilo de vida, na infância, em meados do século passado, no sertão de Minas, era completamente diferente do de meus netos citadinos hoje em dia. Meu universo era restrito à fazenda onde fui criada. Naquele tempo e espaço não havia telefone, nem eletrificação rural e nenhum conforto dela advindo: eletrodomésticos, televisor, computador, internet... As viagens eram feitas a cavalo ou em desconfortáveis carros de boi. 
Sophia, minha netinha também de seis anos, que nem sabe o que vem a ser carro de boi, veio com a família visitar a vovó nas montanhas da Mata Atlântica, onde estou confinada durante esses tempos covídicos. Vieram todos usando máscaras, mantiveram o distanciamento social, acataram todos os procedimentos como manda o figurino, ou melhor, a OMS. Ao chegar, ela disse que no sítio não havia perigo algum de corona vírus. Como é distante da cidade, o vírus se cansaria muito na subida da serra e desistiria. Em sua cabecinha, o vírus teria que subir a pé, já que ele não tem carro, nem sabe dirigir. Não consigo imaginar o que significa “vírus” em sua mente pueril.
            A meu ver, as crianças de hoje são mais espertas e perspicazes que as de minha época. Elas têm horizontes mais amplos e senso crítico mais aguçado. Elas são tão inteligentes quanto as de antanho, mas têm mais discernimento devido à grande carga de estímulos próprios da era digital. Ao ouvirem um disparate de um adulto, em vez de acreditar, como acontecia antes, elas riem ou zombam daquela maluquice. Eu era crédula e obediente. A meu ver, os adultos eram donos da verdade. Sabiam tudo e sempre tinham razão. Eu ficava atenta a suas falas, a suas atitudes, e tentava imitá-los, na medida do possível. Nunca duvidava dos mais velhos, mesmo quando diziam coisas estapafúrdias. Desconhecia a existência de patranhas e falsidades.  Por exemplo, disseram-me para ter muito cuidado ao chupar laranja. Se, por acaso engolisse algum caroço, brotaria uma laranjeira dentro de mim. Os galhos sairiam pela boca, nariz, ouvidos e olhos. Fiquei apavorada e parei de chupar laranjas. Outra potoca que ouvia sempre era que se ingerisse cafeína, ficaria com a pele da cor do café. O desrespeito à inocência infantil era cruel.
Lembro-me de que minha mãe ficou barriguda. Perguntei-lhe o motivo daquele barrigão. Ela me respondeu que estava comendo muito. A,0creditei. Certo dia ela adoeceu. Fecharam a porta do quarto e me mandaram brincar no quintal. Saí, mas fiquei por perto. Percebi gemidos, gritos de dor, corre-corre, entra-e-sai, nervosismo geral... finalmente, um berreiro de bebê. Quando os adultos abriram a porta, entrei e perguntei de quem era aquele bebê. Disseram-me que a cegonha o havia trazido de presente para minha mãe. Eu já havia visto desenho de cegonha. Certamente ela não teria força para voar carregando um bebê maior que ela, mas não duvidei do que ouvi. Naquele dia, a barrigona de mamãe murchou. Não tive coragem de perguntar o motivo a ninguém. Arriscar-me-ia a levar uma bronca e ainda a ser escorraçada dali.
Anos depois, ao entrar para a escola, encontrei professores severos. Usavam palmatória, e ouros meios de tortura, com o intuito de educar as crianças por meio da intimidação. O castigo mais temido por mim era o de ficar de joelhos sobre grãos de milho. Doía muito. Até então eu não sabia que os professores judiavam dos alunos. Não sabia tampouco que, na maioria das famílias, se a criança contasse que havia apanhado na escola, apanharia dobrado, por parte dos pais, para aprender a respeitar o professor. Felizmente isso não acontecia em minha casa. Aliás, nunca levei um tapa, durante a infância, a não ser dos professores, diante de toda a turma, quando não sabia fazer uma adição ou subtração no quadro-negro. Hoje em dia, em vez de serem educadas mediante constrangimento e palmatória, são protegidas por lei contra qualquer tipo de assédio ou violência.
 Lembro-me de que uma de minhas professoras desenhou um semáforo no quadro para ensinar noções elementares de sinalização: cor vermelha (pare); cor amarela (atenção/espere); cor verde (passagem de veículos). Eu nunca havia visto um semáforo. Achei bonito, colorido! Queria saber o que era veículo, mas não ousava perguntar. Deduzi que era aumentativo de velho. Cheguei à conclusão de que, nas grandes cidades, havia um sinaleiro especial de proteção aos veículos, ou seja, às pessoas bem velhinhas com dificuldade de locomoção. Gostei da iniciativa. Elas poderiam atravessar com segurança, sem risco de atropelamento. Só fui saber o verdadeiro sentido de veículo tempos depois. A intimidação não era benéfica à aprendizagem. Bloqueava nossa curiosidade e anulava nossos questionamentos.
Certo dia, minha professora recebeu, em sala de aula, uma caixa com diversos recipientes redondos, em metal prateado. Seria feita uma coleta de material de todos os alunos, para exame de fezes. Ninguém sabia o que era coleta, muito menos fezes, mas quem ousaria receber um corretivo por uma pergunta indevida? Ninguém! Ao final da aula ela enfatizou que não poderíamos esquecer-nos de trazer de volta, no dia seguinte, aquela latinha contendo fezes. Um corajoso salvou a pátria. Num ímpeto de audácia disse que não havia entendido bem o que deveria ser colocado dentro dela. Ao ouvir a resposta esperada fez cara de desentendido. A professora percebeu que talvez a palavra fosse desconhecida da turma e perguntou:
─ Vocês sabem o que significa fezes?
A resposta simultânea, em coro, ecoou corredor afora:
─ Não, Senhora.
─  Vocês vão colocar cocô aí dentro. O laboratório vai examinar a incidência de verminose.
Percebeu também que eles desconheciam “incidência”  e “verminose”. Mudou novamente o registro linguístico.
─Vocês já ouviram falar em lombrigas? 
─ Sim, Senhora.
─ Então, o exame do cocô é para saber se vocês têm lombrigas dentro da barriguinha. Entenderam agora?
─ Sim, Senhora.
  As crianças da era digital não são mais ingênuas e medrosas como as de minha época. São desobedientes e desafiadoras. É louvável que tenham perdido o medo dos professores, mas de roldão perderam também o respeito. Há inúmeros casos de violência de alunos contra professores e até mesmo de homicídio dentro de sala de aula.  O mundo mudou. Não sei se para melhor ou para pior.

Jô Drumond – julho/2020

RETORNO DOS LEITORES 


FRANCISCO BRANT (MG)

Muito legal, Jô! Nada como boas memórias bem contadas. Acho que a meninada já está em outra: preparam-se, sem saber ou já sabendo, para andar em paisagens planetárias e estelares, se é que não vão querer morar lá no futuro.
Interessante a interação das máquinas com os novos e pequenos seres humanos.
Eles crescem em inteligência com a companhia delas, e as máquinas se sofisticam cada vez mais para acompanhá-los na aventura incessante da humanidade. Os dois estão de tal forma próximos, que vão se assemelhar cada vez mais, para o bem e para o mal.
Certa vez, o Bruno, ainda meninote, definiu bem, em conversa comigo, esse futuro que já chegava à sua geração. Na maior tranquilidade de proseador que sempre foi, me disse:
- Pai, máquina também é natureza!
Quer definição melhor para este mundo que só os meninos e jovens entendem e que a gente tenta entender!?
Abraço e até a sua próxima crônica.
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NEUSA Mª SERRANO (ES)
Ei vizinha. Que delícia de conto, verídico em todas as fases. Retornei à minha infância, à primeira sala de aula, à primeira professora. Será que colocar a criança ajoelhada em caroço de milho e palmatória acontecia só nas escolas de Minas? Passei por tudo isso. Parece até que existia uma cartilha. As famílias educavam os filhos da mesma forma. Me vi em vários momentos de seus relatos. Qto à educação moderna, acho muito louvável o incentivo, o estímulo ao desenvolvimento motor e intelectual, mas ocorreu uma liberação, uma liberdade muito grande na tal modernidade. Essa liberdade acabou por mudar, totalmente, o comportamento dos professores e dos pais. Então, alguns alunos/filhos foram perdendo o respeito pelos mestres, pelos pais. Isso não é bom. Acredito que a tecnologia é a grande responsável por essas mudanças e pelas novas famílias que foram surgindo. Parabéns!!!
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Sua crônica, linda, me deixou pasma, já que sou, ao menos, 20 anos mais velha que vc. Educada no Colégio do Carmo, em Vitória, sentia-me amada pelas Irmãs Vicentinas. O pior castigo era "ficar no canto" ou escrever 50 vezes (na hora do recreio) "sou uma menina comportada" - tarefa que eu repassava à coleguinha Stela, em troca de desenhos de flores e joaninhas em seu caderno. Havia, sim, alguns excessos quanto à moral cristã, mas nunca castigos físicos. Seu relato lembrou-me o livro Cazuza, de Viriato Corrêa (anos 20) - um dos meus preferidos então (eu já era "rato de biblioteca). Vc é uma grande historiadora do que, ainda hoje, prevalece no Brasil - as diferenças regionais. AMEI!
Obrigada, querida Jô, por mais essa pérola!
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MARIA INÊS NASCIMENTO  (MG)
Oi Jô, acabei de ler sua crônica. Se a sua narrativa não é ficção, sua infância e primeiros tempos na escola, foram bem mais difíceis que os meus. Nunca passei por castigos corporais na escola, sabia disso de tempos mais antigos. De fato, muita coisa mudou para melhor, mas concordo com você que a perda do respeito é um mal maior, que qualquer melhoria. Lamentável. Ótima crônica. Bjs
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FRANCISCO AURÉLIO RIBEIRO (ES)
Compartilho com vc essas mudanças. Meus netos tb não são nada do que fui. Acho-os estranhos em seus mundos digitais. Nós tb devemos ser dinossauros pra eles. Enfim, mudaram-se os tempos. Parabéns pela crônica. Bjs.
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NEITH CRUZ (MG)
Jô, sua inspiração e suas lembranças são presentes de Deus! E Ele sabe o que faz! Você aproveita esses dons como poucos! O paralelo entre a avó-criança e seu neto-criança é soberbo, enriquecido de detalhes narrados com a singeleza
e a autenticidade que caracterizam sua escrita. Parabéns mais uma vez!
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NONA ROSTAGNO (ES)
Boa tarde Jô, só agora tive um tempinho pra ler, que delícia, quantas lembranças! Realmente, a tecnologia trouxe muitos benefícios, mas tirou algumas práticas morais, civis, não só das crianças, mas de todos: respeito, paciência, humildade, boa vontade... etc. uma pena. Adorei sua história, bem parecida com a minha!🙏🏻😀
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ROSARINHA (MG)
Bom dia...adoro seus contos ..quando a gente tá precisando de uma boa leitura.....vc manda sempre um conto novo

MARIA JOSÉ GUIMARÃES  (MG)
Amei receber de vc, para felicidade minha, algo escrito por uma escritora que amo muito por sua maneira tão clara de escrever e sempre nos traz lembrança de quando éramos pequenas. Saudade de vc, amiga.😘😘😘
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MARIA JOSÉ NUNES (MG)
Como sempre, adorei. Seus netos estão numa outra geração. Não tem tanto tempo entre a sua e de seus netos, mas a diferença de pensamento é muito grande.
O meu neto Heitor, que é o mais novo, quando dá uma passada rápida aqui no domingo, com a família, me diz; - vovó vc pode ir na minha casa, lá não tem ninguém doente.
Ele tem seis anos. Assiste às aulas todos os dias. Como aprendeu a ler sozinho, deixa os colegas para trás. Quando a tia dá atividades para os mais fracos, fica rodando na cadeira e rindo dos outros colegas. Sabe o que é o vírus, sabe como se faz a contaminação. Cobrou-me o uso da máscara quando os acompanhei até o portão.
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FERNANDO ACCHIAMÉ (ES)
Parabéns, Jô. Muito boa a sua crônica - um depoimento que trata literariamente de tempos passados com seus usos e costumes. Um beijo.
O certo é houve mudança radical da nossa geração para a dos nossos filhos e netos.
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SÔNIA (Piauí)
Muito legal! Engraçado como era uma época da inocência em todos os lugares, lendo, me vi naquela mesma situação,
Muito legal! Engraçado como era uma época da inocência em todos os lugares, lendo, me vi naquela mesma situação,
As crianças de hoje sabem e entendem tudo... incrível
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MARIA HELENA ARNIZAUT (ES)
Texto excelente, Jô, como sempre! Acho que a resposta à sua última indagação está na difícil tarefa de encontrar o "juste-milieu"...

PENHA (ES)
Olha, sua netinha tem razão. Acho eu tbm q o corona não aguentará subir o morro onde moro. Kkkkk aqui em Matilde.
Estou repassando sua história q é a minha e de muita gente
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VERA MÁRCIA(ES)
Achei dez, Jô!! Muito bom relembrar de crianças do passado (nós mesmas) e observar as crianças de agora. Seus netos são muito espertos!! E penso que, apesar do ensino on-line, que veio para ficar, nada substitui a interação e o convívio que a escola proporciona.👍👍🥰🥰
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CARLA NEVES (ES)
Oi Jo! Bom dia! Acabei de ler sua crônica! Amei! Melhor ainda saber da inspiração pelos netinhos!
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SOÊMIA (ES)
Li sua narração sobre educação. Parabéns. Muito linda sua crônica. Parabéns! AMEI 👏👏🌻🌹Aliás, leio todas. Gosto muito do que você escreve.
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MARIA DO SOCORRO TERTO (Piauí)
Querida Jô vc é uma excelente escritora, escreve com habilidades e criatividade bem inteligente. Eu acho as crianças de hoje mais sagazes, sabidas mesmo. Elas têm tudo ao redor para contribuir com seu crescimento. Bjs
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ELIZAIDA (RJ)
Obrigada querida Jo.
Estamos em Minas. Voltei no tempo com seu lindo conto. Viajei com vc.
Obrigada.
Bjnhos
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AILSE  CYPRESTE (ES)
Infelizmente, Jô, a escola continua com sua linguagem acadêmica que as classes populares não compreendem. O aluno de classe média fala a mesma língua da escola particular que ele frequenta. Mas o da favela, não.
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GILCEIA (ES)
Só devo lhe dizer parabéns por tanto talento, Jô. Adoro viajar com você em seus contos... Faz-me um bem enorme. 👏👏👏
Jô! Que Deus sempre abençoe sua alma cheia de ideias que nos alimenta o coração. Você é ímpar e muito especial.
Muito obrigada por tudo. Adoraria continuar recebendo seus trabalhos absolutamente fantásticos.
Bjs💐💖❤️
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JÚLIA CARVALHO (ES)
Jô querida. Gostei muito. Conheci a palmatória usada por minha mãe. E ainda tínhamos que contar os bolos (como ela chamava cada tapa). Se perdíamos a conta, começava tudo de novo). O caroço de milho era aplicado quando ela nos pegava em uma mentirinha, que era dita, já com medo da palmatória, ou de ficar ajoelhada em cima do caroço de milho. Mas havia também muito amor. Esse, demonstrado de forma diferente.
Sou sua ardorosa admiradora
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LUCIANA DANTAS (ES)
Jô, vc, como sempre, primorosa nos seus contos. Me diverti muito e me lembrei um pouco da minha infância. Não sofri como vc, mas vivi um pouquinho disso tb. E viva a liberdade de expressão dos dias de hj. Infelizmente o ruim de toda essa liberdade é a falta de respeito com os professores. Acho que isso precisa ser mudado urgentemente para que as próximas gerações não sejam tão sem limites quanto a atual. Gde bj!!
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DENISE MORAES (ES)
Jô deleitei-me com a leitura dos textos. Não sei se consegui postar comentários. Beijo.












sexta-feira, 3 de julho de 2020

ARAPUCA ARMADA


Uma das maiores tresloucuras de meu amigo Carlos foi um casamento, às pressas, com certa moça que acabara de conhecer. Eram praticamente homônimos: Carlos e Carla. O fato é que, pouco antes de conhecê-la, ele havia perdido sua noiva Lívia, num acidente aéreo.

Logo após a viuvez pré-nupcial, foi convidado a trabalhar como engenheiro, no exterior, durante dois anos. A grande firma na qual trabalhava sugeriu-lhe uma estada na Noruega. Carlos não gostaria de ir sozinho, sobretudo a um país cujo idioma desconhecia. Estava indeciso em aceitar a oferta. Sentia-se desarvorado e solitário. Aonde quer que fosse, levaria consigo o luto e a tristeza da perda da amada.

 Certa noite, em conversa de botequim com uma bela loura que acabara de conhecer, soube que ela tinha muita vontade de conhecer a Noruega, terra de seus ancestrais. Mais que depressa, Carlos lhe propôs que partissem juntos. Ele teria, ao seu lado, uma bela mulher para lhe fazer companhia e afugentar a tristeza que o rondava noite e dia. Para sua surpresa, ela aceitou de bom grado. Disse que pediria licença não remunerada no trabalho. Desde então começaram a se ver com frequência, para os planos da longa viagem. Ele confirmou sua ida, junto à empresa. O entusiasmo foi crescendo a cada dia. Subitamente, surgiu um empecilho. A moça era oriunda de família tradicional e de moral ilibada. Sua solteirice não lhe permitia viajar acompanhada por alguém do sexo masculino. Ele não contava com isso. Queria apenas uma acompanhante, mas acabou cedendo. O tempo urgia. Mais que depressa, providenciou-se o enlace matrimonial. Carla adorava viagens internacionais e falava diversas línguas. Como se diz popularmente, foi como se tivessem “jogado um peixe dentro d’água”.

Findo o trabalho no exterior, voltaram ao Brasil e tiveram um filho de nome Raul. Após a licença maternidade, contrataram uma babá, filha de imigrantes alemães. A moça era de uma beleza estonteante. Esguia, longos cabelos com nuances de louro natural, olhos verdes, sorriso aberto, mais belo que os de publicidade de creme dental. Nos finais de semana, os dois iam à praia ou ao clube, juntamente com outros casais de amigos, levando consigo a bela babá, para correr atrás de Raulzinho, entre os veranistas. As esposas usavam maiôs ou biquínis bem comportados, enquanto a loura deslumbrante usava um minúsculo biquini fio dental. Corpo perfeito. Nenhum milímetro a mais, nem a menos. Protótipo da perfeição. Motivo de inveja das senhoras, que a olhavam de soslaio, com ares de contragosto, e motivo de cobiça de todos os maridos presentes, cujos olhares convergiam na mesma direção. Eles não se cansavam de sussurrar uns aos outros menções aos atributos daquela belezura. As esposas, enciumadas, alertavam Carla, ou melhor recriminavam-na por manter dentro de casa aquele “pedaço de mau caminho”. Segundo elas, ser-lhe-ia difícil manter o casamento. Carla sorria tranquilamente e dizia que aquilo não a preocupava absolutamente. As opiniões das demais a respeito de sua postura eram contraditórias. Dir-se-ia que ela acreditava piamente na fidelidade do marido, ou, então, que era uma ingênua panaca. 

Demonstrando total segurança de si e da situação, Carla passou a viajar frequentemente a trabalho, deixando o marido à mercê do natural fascínio despertado pela lindeza da jovem contratada, assediada discretamente no dia a dia e abertamente, na ausência da esposa. A babá fazia-se de difícil, mas esmerava-se nas artimanhas da sedução. Carlos, já cinquentão, em plena “fase do lobo”, sentia-se seguro de seu poder de sedução. Não lhe passou pela cabeça o motivo pelo qual uma linda jovem aceitaria a corte de um cinquentão careca, barrigudo, assalariado e casado. Nem rico era! “Esmola demais, o santo desconfia” diz o ditado popular. Mas Carlos não desconfiava. Durante uma das viagens de Carla, a jovem recebeu do patrão oferta de casa montada, mesa farta e vida ociosa, desde que se amasiassem. Mantendo seu sorriso angelical, ficou de pensar na proposta, deixando-o esperançoso. Com a chegada de Carla, armou-se o circo. A babá relatou-lhe o ocorrido, apimentando, com floreios enfáticos, a proposta indecorosa do marido infiel. Mais que depressa, Carla pediu o divórcio, não sem antes ameaçar contar o ocorrido a toda a família, aos amigos e aos colegas de trabalho. Carlos se sentiu desnorteado. Apesar de ser comum esse tipo de traição, em sociedade falocrata, ele não queria quem ninguém soubesse o motivo da separação, sobretudo sua família. Achava que tal deslize seria por demais desonroso para si. Abriria mão do que se fizesse necessário, para que o motivo da ruptura fosse resguardado.

No momento da partilha, ele não reivindicou seus direitos; simplesmente se deixou levar, arrasado. Se reclamasse, ela poderia abrir o bico. Melhor não arriscar. Sem condições morais de exigir o que quer que fosse, nada demandou. Carla, dona da situação, fez questão de ficar com os bens móveis e imóveis, com uma pensão alimentícia e com a guarda do filho. Deixou-o à beira do cais, de mãos vazias, a ver navios. Tanto no trabalho quanto nos bares da vida, questionado pelos amigos sobre o divórcio, ele fazia questão de aparentar total indiferença ao que lhe havia acontecido. Alegava que recomeçaria do zero, sem problemas: Outra moradia, outra mulher, outros filhos... vida nova!

O interessante é que, em momento algum, ele atinou para o fato de que a babá pudesse estar de conluio com a patroa. Carlos não tinha distanciamento crítico para conjecturas dessa sorte. A arapuca estava armada e, dentro dela, a excelsa loura, com meneios e astúcia. Isso explicava as constantes viagens da patroa. Ela lançava a isca e partia. A artimanha deu certo. O desinfeliz caiu na arapuca e pagou o pato.  Ele só soube da trama entre patroa e empregada, dez anos depois, por meio de uma colega de trabalho, cuja doméstica era prima e muito amiga da babá traiçoeira. Tarde demais para retaliações.

Jô Drumond  - Julho 2020


sexta-feira, 26 de junho de 2020

ESPERANÇA NA TERRA DA AFLIÇÃO

Durante meu confinamento covídico, nas montanhas capixabas, recebi de um jovem vizinho chamado Pedro Henrique Serrano Léllis (Pedrim Pescador), também sitiante na Mata Atlântica, um conto de sua autoria, intitulado Na terra da aflição morreu Esperança. Achei o título bastante instigante, sobretudo em época de pandemia. Como a morte anda solta, ceifando milhões de vidas mundo afora, esperamos todos que a esperança não morra. No conto, Esperança é o nome de um personagem que nasce na Terra do Aconchego e morre na Terra da Aflição. O texto é uma bela alegoria que proporciona prazerosa leitura.

Comecemos com uma breve resenha da fabulação: A história se passa há três mil anos, em um lugar inóspito, desértico, de grandes lonjuras. No entanto, entre montanhas, resguarda-se um verdadeiro oásis, chamado Terra do Aconchego, considerado divino e protegido pelos anjos. O solo é propício à agricultura, com fartura de frutas e cereais, assim como de flores, pássaros, e águas límpidas. Trata-se de um lugar tranquilo, pacífico e de clima ameno. À noite, fazem-se rodas para se tocar música e se contarem histórias.

Seus produtos são comercializados em um lugar totalmente oposto, chamado Terra da Aflição, de clima árido, onde reinam medo, tensão e toda sorte de violência. Esperança, um dos comerciantes mais prósperos de Aconchego, é escolhido pelo conselho comunitário para atuar como representante comercial na Terra da Aflição. Teria que se mudar com a família e abrir um mercado para comercializar os produtos da terra. Meio a contragosto, pai, mãe e dois filhos rapazes empreendem, durante muitos dias, uma árdua travessia do deserto, sobre o dorso de camelos e cavalos, correndo risco de ataques de malfeitores, de pilhagens, de tempestades de areia e de picadas de escorpiões. Chegando ao destino, procuram o conterrâneo Iraldo, que reside com a esposa e duas filhas, na Terra da Aflição. Por meio de contatos prévios, Iraldo já havia conseguido morada para a família imigrante, em frente à sua. A partir de então, começam as peripécias da família em local totalmente díspar daquele a que estava habituada, convivendo com pessoas competitivas, ásperas, sanguinárias, cujo comportamento é, muitas vezes, assustador. No texto em questão, duas particularidades atraem a atenção do leitor: a onomástica e a polarização.

ONOMÁSTICA

Comecemos, portanto, com duas vertentes onomásticas: a toponímia e a antroponímia. Os topônimos indicam o que se pode encontrar pela frente, naquela comunidade. O movimentado e confuso centro comercial da Terra da Aflição se chama Balbúrdia.
Nessa terra sem lei, há grupos de criminosos e de justiceiros, conhecidos como Cavaleiros da Ordem do Massacre. Trata-se de homens armados e encapuzados que estupram, torturam, matam e estripam como bem lhes apraz. Os mortos são jogados no Vale dos Ossos Secos, e seus corpos servem de alimento às aves de rapina.

A única parte alta da cidade se encontra sobre uma rocha, a beira-mar, chamada Alto da Penha da Morte. É um local dedicado à divindade local, de onde se jogam oferendas e até mesmo corpos humanos, em sacrifício. Há também devotos que se jogam do Alto da Penha, por motivos diversos.

Beira do Precipício é um local miserável, uma espécie de subúrbio, de pobreza absoluta. Há também bolsões de pobreza, na periferia, em contraposição ao luxo e à magnificência do Alto da Penha.  
Maior ênfase é dada pelo autor à antroponímia. Cada nome próprio já caracteriza de antemão o perfil do personagem: a família de Aconchego era composta de Esperança (pai) Doçura (mãe) Força e Coragem (filhos do sexo masculino). A família anfitriã, em Aflição, era composta de Iraldo (pai – “irado”), Maustratos (mãe) e duas filhas: Covardia Fraqueza. Os nomes próprios falam por si.
No final da história, ao voltar para Aconchego, após a morte do marido e dos filhos, Doçura, que amargara bastante naquela terra, é recebida pelas amigas Saudade Perseverança. Fica hospedada temporariamente, na casa de Consolo, até conseguir nova morada. O Deus de Aconchego se chama Deus Eterno; o de Aflição, Deus Carrasco.

DIVINDADES

Doçura recorre ao Deus Eterno em busca de alegria, energia, força, coragem e principalmente a esperança de melhores tempos. Sua vizinha, Maustratos, recorre ao Deus Carrasco em busca de dinheiro, fama e poder. 
Todas as casas em Aconchego têm um pequeno santuário dedicado ao Deus Eterno. Doçura mantém essa tradição, na Terra da Aflição. Diariamente ela se posta diante do santuário, rogando a intercessão do Todo Poderoso para o bem-estar de sua família. 

O autor faz uma espécie de apologia ao Deus Eterno, como sendo único, verdadeiro, inigualável, onipotente, onisciente ... Pela lógica, o Todo Poderoso deveria proteger a família da devota Doçura. Todavia, isso não acontece. Seu marido morre em um naufrágio, e seus dois filhos são brutalmente assassinados. Há certa incongruência entre o que é apregoado no texto e o desfecho da fabulação. Protegida por seu Deus Eterno, espera-se que a família supere todos os percalços de percurso, consiga atingir os objetivos propostos e volte incólume para a terra natal. No entanto doçura recebe como recompensa aflição, tristeza e luto pela perda da família. Esse nonsense pode ter sido um lapso, por parte do autor, mas também pode ter sido intencional.

A FESTA DA PRIMAVERA
Os habitantes da Terra da Aflição veneram a deusa da Primavera, chamada Leviana, para a qual é organizada uma grande festa anual, com muita permissividade:

“Quando os primeiros raios de Sol irromperam por detrás do casal real sentado na pracinha, as bailarinas despiram-se totalmente, juntamente com a multidão, e todos começaram a se acariciar, nus, sem regras ou limites, numa verdadeira orgia a céu aberto. Doçura ficou estática, de boca aberta e olhos arregalados.
A festa da primavera, dedicada à Santa Leviana, durava o dia todo e se adentrava em mais uma noite, sendo celebrada a céu aberto, com as pessoas transando de todas as formas possíveis, não havendo limites para o prazer, tesão e orgasmo. A cada hora mais pessoas chegavam, se despiam e se lançavam àquele ritual obsceno.”

Tal festa pagã tem ligação com os antigos rituais a cada mudança de ciclo da natureza. Sabe-se que, na Antiguidade, os rituais de primavera eram valorizados por celebrarem a fertilidade, por marcarem o início de um período de abundância e generosidade da Mãe Natureza. Para os seres humanos também é um tempo de recarregar as energias, absorver a força da natureza, revigorar e rejuvenescer.  

Consta na mitologia que Perséfone, filha de Deméter, deusa da fertilidade, é sequestrada por Hades, deus do reino do inferno. Devido à dor da mãe, interrompe-se na Terra o crescimento das plantas e dos cereais. Um dia, graças ao riso da deusa, provocado por um gesto obsceno de uma serva, a natureza revive e a primavera retorna em todo esplendor. Desse mito originam-se as procissões fálicas da Antiguidade, cujo objetivo era despertar o riso, a alegria e, por conseguinte, suscitar a fecundação do solo e o reflorescimento da natureza, propiciando assim uma colheita abundante. Tais rituais visavam a atrair pelo riso a benevolência dos deuses.

POLARIZAÇÕES

O maniqueísmo perpassa todo o conto. Tal termo, popularizado hoje em dia, vem de Mani ou Maniqueu, pensador persa que pregou uma doutrina baseada na existência de um dualismo entre dois princípios opostos, basicamente entre o bem (reino da luz) e o mal (reino das trevas), ou entre Deus e o Diabo.
A ordenação das oposições existentes no reino da natureza em duas classes existe desde os pré-socráticos. Parmênides (530-460 a.C.) distinguia as qualidades positivas (o ser) como luz, e as negativas (o não ser) como obscuridade. Seu método consistia em remeter os opostos ao modelo preconcebido (claro/escuro - ser/não ser), estabelecendo assim uma polarização. O mundo empírico se cindia em duas esferas, sendo uma a negação da outra.  No conto de Pedrim Pescador há diversas polarizações: Terra da Aflição / Terra do Aconchego; Deus bondoso / Deus carrasco; pobreza / riqueza; bondade / malvadez; força / fraqueza...

Seu contemporâneo Heráclito (540-470 a.C.) tinha outra visão completamente díspar. Para ele, o ser e o não ser são o mesmo, em constante transformação. É dele o axioma de que não se pode banhar duas vezes no mesmo rio devido ao constante fluir das águas. A seu ver, nada é firme; tudo muda. Ser e não ser estão contidos um no outro, de modo que o todo deve ser determinado pelo devir ou vir a ser. Algumas doutrinas orientais reiteram o caráter relativo e funcional dos opostos: "isto" e "aquilo" são interdependentes; há um ponto em que os opostos se imbricam. No conto em questão, veem-se ambas as tendências. Há a polarização, mas há também a articulação dos opostos, geradora de equilíbrio: o rapaz chamado Força se casa com a donzela chamada Fraqueza, e seu irmão Coragem se casa com Covardia. Nesse caso, prevalece o meio-termo em lugar dos extremos. A união dos contrários gera a harmonia.

Concluindo, Doçura faz a nefasta travessia dos opostos e volta para a terra natal, acompanhada de sua nora Fraqueza, única pessoa a lucrar com a ida da família de Esperança para Aflição. Trata-se de um personagem aparentemente irrelevante:  tímida, medrosa, antissocial, caseira, calada, solitária e triste, exatamente o oposto de sua irmã Covardia. Não gosta de sua terra natal, não interage com as pessoas de lá e é sempre maltratada por Maustratos e Covardia.

Seu perfil vai mudando à medida em que ela se apaixona pelo jovem Força. Casa-se, muda-se para a casa da sogra, assume com prontidão a administração do lar, enquanto todos trabalham no mercado familiar, e ganha a admiração de Doçura, com quem parte para Aconchego, após a tríplice tragédia. Habituada à paisagem desértica, ao se aproximar de Aconchego, encanta-se com a paisagem. “Nunca havia visto tanto verde, tantos pássaros coloridos e tanta água.” Destarte, consegue trocar o inferno pelo paraíso.

Enfim, Fraqueza ganha vitalidade e se fortalece com a mudança de vida. Doçura, ao contrário, se enfraquece pela perda de Esperança, Força e Coragem,  e se torna insossa:  perde o gosto pela vida e o sabor de tudo.
                                                                                                                                                                                                                      Jô Drumond – 24 de junho de 2020


COMENTÁRIO DO LEITOR

Gostei da análise sobre o texto da esperança na terra da aflição. Foi interessante ver as referências a tempos mais antigos, o que ajuda a lembrar o quanto nosso pensamento é moldado pela cultura judaico-cristã da Europa ocidental, ainda que não sejamos religiosos. Achei bem interessante a referência à primavera por uma questão puramente da minha experiência pessoal. Depois de morar no nordeste dos EUA por um bom tempo, entendi melhor porque as pessoas por aqui curtem tanto essa estação. Após cinco meses de inverno rigoroso, com dias curtos e a vegetação hibernando, sem folhas, a exuberância da primavera é um espetáculo deslumbrante. Para quem cresceu no Brasil, com um inverno quase inexistente e plantas que nunca perdem o verde, achava a primavera legal, mas nada demais. Enfim, sempre achei interessante essa “tensão” entre a maioria das coisas que li e o que de fato eu vivi.
Bruno Brant ( New York)


Ei Jô.
Boa noite, tive que ler duas vezes.
Um texto bem complexo, mas resumindo, os extremos são sempre ruins em todos os sentidos, os excessos nunca fizeram bem a ninguém, o importante é o equilíbrio. A base de tudo!
Um grande abraço
Lola  (ES)

Oi, Jô, não é que a fábula do Pedrim Pescador imita a vida?!
No final das contas, no Aconchego ou na Aflição, não há solução, a não ser a sabedoria de Heráclito, que sacou a dualidade da unidade, difícil de ser entendida e vivida.
Abraço.
Chico Brant (BG – MG)

Oi Jô! Sua análise sobre o texto do vizinho está super interessante, até mesmo para leigos em literatura, como eu. O autor é criativo, e você, além de criativa, mostra grande capacidade e conhecimento literário. Porém, não disponho de elementos e conhecimento para o comentário que esse texto merece. Acho que é um “prato especial” para estudiosos de literatura.
Francisca (BH – MG)

Fiquei encantada como você, de um simples conto, escreveu essa crónica tão interessante. Lembrou-nos também passagens da mitologia! É sempre um prazer ler seus escritos. Continue a nos presentear com suas crônicas! Um abraço.
Jaçanan (ES)

Bom Dia, amiga Jô!
Bela, ampla e erudita resenha (as inserções várias dos maravilhosos personagens da mitologia grega conferem brilho especial à sua análise, amiga!) vc realizou sobre o conto do seu vizinho, Pedrim Pescador. Sacrossanta terapia consolatória é a leitura & escrita...“A sonhar eu venci mundos/ minha vida um sonho foi // F.Pessoa.
Bjs 💋💋💋e excelente semana para vc ora “autoexilada” na “Montanha 🏔 Mágica” (rsrs)
Jeanne Bilich (ES)

Amiga, há um tempo escrevi no Informativo “As Acadêmicas” que o escritor se inspira em outros autores para crescer no ato da palavra escrita, e que é sadio ter até uma certa inveja de um autor que é sucesso porque escreve bem. Realmente acredito. Eu invejo você porque seus escritos são muito enriquecedores. Seus exemplos, suas citações me deixam orgulhosa de poder usufruir de sua amizade e seus escritos são aulas de criatividade para mim. ESPERANÇA NA TERRA DA AFLIÇÃO, na realidade é o caminho percorrido pela humanidade em sua luta entre o bem e o mal.
Amei. Parabéns! Você é sucesso!
Regina Menezes (ES)

Muito bom...adoro....dá um pouco de alento no confinamento 👍🏼👍🏼😘 continue enviando. Aguardo.
Rosarinha (MG)

Jô, que trabalho bonito, interessante... lembrou-me As Brumas de Avalon... e outras leituras deliciosas de Druidas e povos pagãos. O maniqueísmo persa é incontestável e rege nossas vidas...


Scheise (ES)


Olá a todos! Aqui é o Pedrim Pescador, hahah, autor do livro! Queria agradecer à Dona Jô! Gratidão! Muito bom saber dessa repercussão de NA TERRA DA AFLIÇÃO MORREU ESPERANÇA! Eu não esperava por isto!

Apesar de o título ter ESPERANÇA e aparentemente ele ser o protagonista, a personagem principal é FRAQUEZA, pois ela consegue romper suas dificuldades para vencer na vida.

Que vocês, através deste livro, encontrem dentro de vocês mesmos: Esperança. E que ainda que esta morra, e ainda que você perca a força e a coragem, que você nunca perca a Doçura no falar, no viver, no agir. QUE VOCÊ NUNCA SE TORNE UMA PESSOA AMARGURADA, oka?


E que aquilo que é Maustratos, Covardia e Ira, voce deixe para trás, junto com toda a sua terra de aflição, e que mesmo que voce tenha nascido(a) em terra de aflição, existe uma terra de aconchego para você. Esta historia, apesar da violencia, é uma historia de amor, de perseverança e principalmente de VITÓRIA! DA FORÇA SOBRE A FRAQUEZA! Escrevam-me, respondo a todos: pedrimpescador@gmail.com