terça-feira, 2 de março de 2021

ENGANANDO A MORTE

 

“...cantaremos o medo da morte

e o medo de depois da  morte.
Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos

nascerão flores amarelas e medrosas.”

Drummond

 

 Desde que se nasce, o primeiro passo já é, inexoravelmente, em direção à morte. Há os que nem chegam a nascer, como foi o caso de meu irmão. Antes de ver a luz, embrenhou-se nas trevas, devido à ignorância daqueles que usaram um produto altamente tóxico para dedetizar a residência, sem atentar para o efeito letal sobre o feto.  Sua causa mortis, ainda dentro do ventre materno, no nono mês de gestação: intoxicação por BHC. Eu era muito pequena, mas retive na memória a nítida imagem de um minúsculo caixão, sobre uma mesa, no centro da sala de visitas. Quando o tiraram para o enterro, eu o abracei, chorei e esperneei para que não levassem minha nova bonequinha. Não tinha entendimento da perda de um irmão, mas senti a desolação da perda da boneca.

Neste mês de março de 2021, a pandemia do coronavírus, atinge o mais alto índice mortífero no Brasil. Computa-se, atualmente, uma morte por minuto. Os gráficos estatísticos não param de subir, enquanto a vacina vem a passos de tartaruga. Cerca de 255.000 brasileiros já se foram. Em todo o mundo, cerca de três milhões de vidas levadas pela mão da “ceifadora”.

É um bom momento para refletirmos sobre a vida e sobretudo sobre o medo da morte. Há um vídeo circulando atualmente na internet e uma clássica película cinematográfica que retratam alegoricamente a morte e criam um desafio entre um vivente e “a indesejada das gentes”. Esta insiste em levá-lo. Aquele, por sua vez, recusa-se a acompanhá-la. Vejamos resumidamente as duas fabulações:

No vídeo, um matuto conhecido vulgarmente como Zé Prequeté, volta de uma festa em plena madrugada. Cavalga sozinho, em noite sem luar, por uma estrada deserta, carregando sua viola dentro de um saco. Na escuridão da noite, vislumbra tênue luminosidade no caminho. Ao se aproximar, percebe velas acesas, em plena encruzilhada. Acha aquilo deveras estranho.  Mais estranha ainda é uma figura toda vestida de preto, como se esperasse alguém. Meio encabulado, decide primar pela cortesia.

− Boas noites. Posso ajudar? O que fazes a essa hora, em tão ermo lugar?

− Estava à tua espera.

− Pois não. Quanta honra!

−Vim para te levar comigo numa viagem sem volta, mas, como aprecio por demais uma viola, proponho um desafio. Vamos ver quem toca melhor. Se eu ganhar, tu vais comigo. Se eu perder, tu ficas.

− Agradeço a gentileza, mas não posso aceitar o desafio. Tenho pressa. Minha patroa está à minha espera.

− Não aceito recusa.

Zé Prequeté olha a figura de cima a baixo. É impossível visualizar a face, parcialmente encoberta por um capuz negro. Poderia ser um de seus amigos querendo lhe pregar uma peça.

Caso não seja um deles – matuta o cavaleiro – quem poderá ser? Talvez um “filho da mãe” qualquer, querendo me assustar ou me assaltar.

− Não estou reconhecendo tua voz. Quem és tu, caro vivente?

− Não sou vivente. Sou Lúcifer, o anjo da luz.

− Todo de preto, não serias anjo das trevas?

Zé Prequeté leva a abordagem na brincadeira, mas, ao olhar detidamente o estranho, percebe que, em lugar das botas, há um par de cascos de bode. Sente um frio na barriga, um frêmito no corpo, mas finge tranquilidade.

− Ô amigo Lúcifer, se quiseres, posso deixar a viola contigo, mas, como disse, tenho pressa de chegar. Toma! Ela é toda tua.

− Pensas que me engambelas? Começo, então, o desafio.

O estranho pega a viola e toca uma música totalmente desconhecida. Depois, Zé toca certa modinha com malabarismos inauditos nas sete cordas. O “de preto” não se dá por vencido.

− Achas que me enganas com essas brincadeirinhas? Quero ver se consegues tocar com a viola nas costas. 

O matuto coloca o instrumento sobre as espáduas, abaixa a cabeça e toca perfeitamente. Destarte, consegue se livrar daquele encosto, pelo menos por ora.

Essa fabulação é muito parecida com a do filme O sétimo selo, obra-prima cinematográfica de 1957, do diretor e roteirista sueco Ingmar Bergman (1918/2007). O tema principal é a questão do medo da morte. Não no contexto de uma pandemia do século XXI, mas de outro similar, da peste negra, na Idade Média. O protagonista, um cavaleiro templário que retorna a casa depois de dez anos, encontra a peste e a morte em sua terra.

No filme, não há encruzilhada, nem velas, como no vídeo. Em uma praia deserta, o protagonista encontra um cavaleiro também de preto, de cara muito pálida. Reconhece imediatamente a figura da Morte que surge para levá-lo. Lembra-se de ter ouvido que a Morte seria uma enxadrista contumaz. Tenta então uma estratégia para escapar de suas garras. Ele a desafia para uma partida de xadrez. Se perdesse, ele se deixaria levar. Se ganhasse continuaria vivo. Ela aceita, porém o adverte:

− Não adianta postergar a partida. Mais cedo ou mais tarde, você virá comigo.

− Eu sei disso, mas não agora. Quero ganhar tempo.

O jogo proposto pelo protagonista seria uma metáfora para levar o espectador a refletir sobre as emoções humanas, os mistérios e a efemeridade da vida. Esse filme, altamente filosófico e simbólico, aborda os questionamentos do ser humano a respeito da morte. Se você a encontrasse, como reagiria? O que faria? Se pudesse dialogar com ela, o que lhe diria?

A partida de xadrez começa na praia. Trata-se de uma das cenas mais célebres do cinema. Como a partida não se conclui, a Morte volta a visitá-lo por diversas vezes para continuarem o jogo. Antonius Block não perde nunca, devido a certas jogadas, de cujo segredo é o único detentor. A “sedutora do além” não se dá por vencida. Ela também tem suas estratégias.

Certo dia, Block decide se confessar. Ajoelha-se diante da treliça de um confessionário e relata ao padre o desafio entre ele e a Morte. O confessor quis saber qual seria a jogada magistral para vencer sempre. Ele lhe revela seu segredo. Nesse momento, a câmera focaliza a cara de contentamento do falso confessor. Era a própria “dama da foice” que ouvia sua confissão. Na partida seguinte, o “homem de preto” dá o xeque-mate. Evidentemente, não há escapatória para Antonius.

Na iminência da morte, a busca de sentido para a vida é uma questão que sempre atormentou a humanidade. Suponho que, justamente a partir dessa questão fulcral, tenham surgido um sem número de religiões e crendices, cada uma tentando, à sua maneira, explicar o inexplicável, com o intuito de trazer conforto espiritual e tranquilidade aos humanos.

Esse ponto de interrogação deixou de me amofinar após ter ouvido de um professor metido a filósofo que o homo sapiens é uma aberração da natureza. Eu nunca havia pensado nisso. É bastante plausível. Nosso grande problema talvez seja a cognição. Se não a tivéssemos, tudo seria tão simples! Viveríamos por viver, sem filosofices, sem crendices, como as plantas e os animais “ditos” irracionais. O poeta Fernando Pessoa (1888/1935), em um de seus poemas, demonstra o desejo de ser como as flores: “Elas existem porque existem”, sem questionamento algum.

O ser questionador, segundo Albert Camus (1913/1960), é o “homem absurdo”. Na filosofia do absurdo, Camus focaliza exatamente o conflito entre a tendência humana de buscar significado inerente à vida e a inabilidade para encontrá-lo em um universo caótico, desconexo e ininteligível.

Temos ciência de que o empenho em postergar a morte é comum a todos, com raras exceções, como no caso dos suicidas. Há um longo poema de Drummond (1902/1987), no qual ele dialoga com a morte e aceita ser levado por ela... “mas que não seja agora”.. Todas as estrofes terminam com esse bordão mostrando claramente o que se passa com cada um de nós. Sabemos que a morte virá um dia. Não há como evitá-la, mas tentamos postergá-la por todos os meios. Acometido por uma doença qualquer, lançamos mão de toda sorte de medicamentos, chás, “benzeções“ e até mesmo de cirurgias. No afã de salvar vidas, os médicos trabalham na contramão dos desígnios da Divina Providência. Esta envia a doença ou convoca alguém para a morada eterna, aqueles tentam a cura e/ou o adiamento da partida. Mais cedo ou mais tarde, sem pedir licença, ela cruza o caminho de todos nós. Como dizia meu avô, “depois de certa idade a gente vive tapeando a morte”.

Para o fechamento destas lúgubres elucubrações, versos do Grande poeta português Fernando Pessoa sobre o mesmo tema. 

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma...

Jô Drumond

01-03-2021

 

RETORNO DA CRÔNICA  ‘ENGANANDO A MORTE’

 JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA – PATOS DE MINAS - MG

Paradoxalmente, a vida é bela porque a morte é feia e certa. E citando ainda, Pessoa, não me venham com conclusões, a única conclusão é morrer!


SAMUEL MALHEIROS – VITÓRIA - ES

Jô acabo de ler sua crônica. Inspirada reflexão sobre tema que vem desde sempre intrigando os humanos. Exemplo de como tornar leve a leitura sobre realidades tão pesadas.

Uma observação Jô se me permite: Penso que o grande problema do Sapiens não é a cognição mas a consciência. Essa é a criadora de todos os problemas.


JEAN-LOUIS BOSSAVIT – MONBAZILLAC - FRANÇA

Cara Jô

Merci pour ce texte qui a l'habileté d'être pris entre les mots de Drumond et ceux de mon Frère Fernando Pessoa, qui sont bien apaisants. Bien sûr la réflexion autour de la mort est présente dans l'esprit de tous dans cette période terrible. Je pense aussi que notre société, au sens le plus général d'Humanité, avait aussi peut être besoin de réfléchir sur cette question que toute notre civilisation a tendance à oublier, ou à  laisser de côté ou à faire croire qu'elle n'existe pas. Le cheminement de l'Histoire du monde avec ses intervalles de guerres, de catastrophes naturelles et d'épidémies, nous renvoie régulièrement  à ce qui est inexorable et c'est bien ainsi .

Ceci me fait penser à ce fameux conte persan, que je me risque à résumer dans le portugais écrit qui me reste!

Lembramos a história deste vizir do califa de Bagdá que, uma manhã, nas ruas da sua cidade, vê a Morte, que fixa o olhar nele. Muito perturbado, o vizir pede ao califa para fugir da cidade, pegando seu cavalo mais ligeiro para se refugiar esta mesma noite,  em Samarcanda. O califa aceitou e depois,  quanto a seu hábito, decidiu caminhar incógnito pelas ruas da cidade. Ele encontrou a Morte e perguntou: "Por que você aterrorizou meu joven vizir esta manhã, olhando para ele? ameaçadora? " A Morte respondeu: "Não era um olhar ameaçador, mas só um olhar surpreso  porque eu não esperava vê-lo aqui em Bagdá esta manhã. Tenho um encontro com ele,   esta noite, em Samarcanda ".

Très amicalement

Jean Louis


JOSÉ HUMBERTO FAGUNDES – PRETÓRIA – ÁFRICA DO SUL

Não há como discordar de Pessoa nos versos que encerram seu texto. Aliás, que acrescenta significado ao postergamento. Lições, dear Jô, que lembram que a vida sempre vale a pena quando a “alma não é pequena”. Obrigado!


ABEL FARIA - BRASÍLIA - DF

Boa tarde Jô!!! Tudo de bom!!

Pois então!!! Fez me lembrar prontamente versos do poeta Augusto dos Anjos que viveu 30 anos e abominou o destino da morte para toda a humanidade, considerado o poeta triste.

E também os belos versos do Manoel de Barros, poeta da insignificância das coisas, que mais se aproxima em viver enquanto vivo e aceitar que é assim mesmo pela própria natureza.

Confesso a você que às vezes me encontro absorto e espantado com a vida tênue de todos nós.

Com a pandemia, houve um acordar de muitas pessoas, do significado dessa nossa "morada ligeira"" como disse o Clênio Pereira, outro amigo poeta que viveu 27 anos.

Kkk... Chega. !!

Parabéns, outra crônica de registro desse tempo atual.

Bom final de semana. Abraço!


CHANTAL RABY – MONBAZILLAC - FRANÇA

bonjour jo

je viens de lire ta longue réflexion sur la mort. Comme tu le dis, des la naissance, nous entamons le chemin vers la mort. Il ne faut pas avoir peur de la mort. Elle fait partie de la vie mais comme le dit très justement le poète "pas maintenant". Parce qu'en chacun de nous il y a l'amour de la vie (voir comment quelqu'un qui écrit ses dernières volontés et demande à mourir sans acharnement pour le maintenir en vie, et bien au final cette personne se bat jusqu'au bout pour ne pas mourir "maintenant")

J'ai fait la paix avec l'idée de la mort. D'abord dans la première moitié de ma vie, j'ai considéré que j'étais jeune et cette idée n'était pas pour moi. Ensuite je l'ai frôlée a plusieurs reprises mais je me suis battue pour que ce ne soit pas "maintenant ". Et dans ma tête ça ne pouvait pas être "maintenant". Puis, vers les 70 ans donc troisième âge, je lui ai fait de l'œil un jour aux urgences, au point de supplier mon mari de dire aux enfants combien je les avais aimés. Et puis, miracle, ce ne fut pas "maintenant". Et depuis je sais que je vais mourir mais je ne sais pas quand ; alors je goute chaque instant comme un cadeau, je range mes affaires, je classe mes photos, je peins et je distribue mes tableaux à ma nombreuse famille, j'écris des textes humoristiques à mes amis sur ma façon de voir la vie. Je vais t'en envoyer quelques-uns ; je fabrique des objets, je peins des meubles pour les uns ou les autres. Je mets à jour les recettes de cuisine qui ont fait le bonheur des enfants. Bref, je tente de laisser mon empreinte, et je transmets tout ce que je peux. Curieusement je n'ai pas encore eu envie, maintenant, de planter un arbre fruitier. C'est trop long et je n'en verrai jamais les premiers fruits. Quoique ......je me plais à imaginer parfois vivre jusqu'à 95 ans, qui sait ......Verrai je les jumelles de Sophie "namorar". Déjà je garde chez moi mes arrières petites filles. Chaque matin j'ai mal quelque part, mais jamais au même endroit. Chaque matin je me dis qu'il faut que je fasse ceci ou celà; je mesure mes projets à court terme suivant leur faisabilité .

Tout ça, c'était jusqu'à l'an dernier

Puis est arrivée cette foutue pandémie. J'ai appliqué les mesures très strictes de prudence dès le début et suis restée "confinée" une année entière, sans recevoir ni aller chez personne, sans embrasser ni voir aucun de mes enfants et petits-enfants. Ce fut une année entière de vie perdue. Mais enfin la vaccination est arrivée en commençant par les vieux de plus de 75 ans ; Ce fut une délivrance absolue mais à quoi cela sert vraiment si les autres ne sont pas encore vaccinés ? donc nous nous battons pour convaincre les indécis. Car bizarrement jo, en France, ce sont maintenant les soignants, les personnels de santé, beaucoup de médecins, et une partie des gens, qui sont les contaminateurs. Malheur à toi si tu as besoin d'entrer à l’hôpital pour tout autre chose, tu risques d'être contaminé par ton infirmière ; Seulement un tiers de tout le personnel médical français accepte de se faire vacciner ! Nous avons eu cette semaine un million de doses d’Astra Zenica qui sont restées dans les frigos faute de personnes à vacciner dans les personnels de santé, puisque c'étaient leurs doses... Vous avez votre scandale au Brésil, nous avons le nôtre. Heureusement, Macron n'est pas Bolsonaro et on se demande comment les brésiliens vont s'en sortir avec un pareil idiot ; Ici il est question de rendre le vaccin obligatoire pour le personnel soignant. On ne peut pas encore le rendre obligatoire pour la population parce que la France qui a une tradition de liberté démocratique, ne l'accepterait pas. 

Donc oui, cette fois ci tout le monde a vu la mort de près. Mais souvent sans en avoir eu conscience. je comprends ce que tu racontes au début de ta nouvelle ; mais a l’âge que tu avais, on ne sait pas ce que c'est que la mort .

Bon écoute Jo, lire en français est un exercice parfois difficile parce que nous avons des expressions et des mots peu employés. Je t'enverrai si tu le souhaites des récits humoristiques que je fais de temps en temps pour mes amis…

je t'embrasse

Chantal


SANDRO DECOTIGNIES - DUNQUERQUE -FRANÇA

Em tempos de necropolítica, nada mais necessário que uma reflexão sobre aquela que vamos todos encontrar...


NILDA NUNES – PATOS DE MINAS - MG

Boa tarde, tia Jô! Gostei muito do texto. Apesar do tema, ele nos mostra tranquilidade ao mexer e remexer com as palavras pra colorir o texto. Mostra que a escritora é muito culta e pesquisa com determinação pra informar o leitor sobre o tema. Muito obrigada por nos informar e formar nossas mentes na leitura. Bjos


MARIA JOSÉ NUNES – PATOS DE MINAS - MG

Como sempre, adoro o que escreve.

Não achei lúgubre.

Gosto de filmes policiais em que o bem vence o mal. Foi uma pena, a danada da morte enganar Antonius no confessionário, acabando por levá-lo.

Quanto ao filme, deve ser muito interessante. A verdade é que, à medida em que os anos vão passando, normalmente ela chega, querendo ou não. Enquanto pudermos prolongar a vida usaremos de todos os artifícios ao nosso alcance.

Discordo de Fernando Pessoa ao escrever que sente alegria em saber que a morte dele não fará falta a ninguém.

Nós, humanos, temos raízes. Quando morre seu pai, mãe, irmão vc continua a viver mas aquela pessoa deixa em nosso coração uma saudade. Acostumamos com a ausência, mas a falta fica. Que saudade sinto dos meus. Minha mãe me faz falta nos conselhos, nas conversas.

Enfim, acabei escrevendo mais que a autora. Parabéns. Adorei. Beijos


ROSANE MORCEF – VITÓRIA - ES

Jô, infelizmente não estamos preparados para o que seria uma coisa tão natural (a morte).

O sentimento de perder uma pessoa querida, amada, companheira nos deixa como se um buraco se abrisse e você não pode fazer nada.

Mas, muito confiante no amor que sinto por Deus e graças às correntes de orações me sentia mais confortada, quando estive infectada pelo coronavírus. Nunca, em momento algum, perdi as esperanças.


MARIA DA PENHA – MATHILDE - ES

Jo seu texto é interessante pra valer! riquíssimo, criativo, informativo carregado de nuanças que brincam com nosso imaginário nos levando aonde você quer. E , olha isso... parte de vivências suas. Que riqueza. Fico a pensar como você consegue... Muito bom, amiga.


ZILCA – VITÓRIA - ES

Este tema me faz pensar em um livro de José Saramago: As Intermitências da Morte.

É apaixonante, apesar do tema.

Postei no Facebook


TEREZINHA BICHARA – VITÓRIA - ES

Pensei no livro do Saramago, leitura inesquecível quando a morte se apaixona pela pessoa que devia levar. Jô querida, fala oportuna, perfeita para registro do momento que estamos vivendo. bjs


ANAXIMANDRO – VITÓRIA - ES

Top!

Precisamos mesmo falar da "indesejada das gentes", sem rodeios.

Nada melhor que a arte.

Esta, não morre.

Adorei o texto!


LÉA FURTADO – VITÓRIA-  ES

Jô!  Adorei o texto!

Superinteressante, apesar de lúgubre, como você mesma diz, às vezes engraçado !

Gostei muito dos diálogos dos violinos.

Lembrei também da oração de Santo Agostinho quando ele diz :

" _ A morte não é nada!"

que é apenas uma passagem para o outro lado do mundo!

Esta pandemia, às vezes, nos dá a impressão de que a morte ficou " banalizada"!

Só que ninguém quer que a fila prossiga e sim a vida.

Sabemos que estamos aqui de passagem, isto não se pode negar.

Parabéns pelos seu texto abordando um tema tão complexo que é a morte!

  

ANA LÚCIA CASTRO NOTINI – BELO HORIZONTE - MG

Gostei muito, apesar de "meio lúgubre", muito apropriado pelo período atual.

Além do mais, nossa visão hoje, mais madura e consciente, nos faz refletir, concluir e concordar com Fernando Pessoa.

Adorei. Obrigada. Bjs.


MARIA INEZ NASCIMENTO - BELO HORIZONTE - MG

Excelente texto Jô, afiadíssimo, com várias citações interessantes e pertinentes. Muito culta, esta minha amiga.

Quanto à morte em si, não me apavora. Bjs


MARIA TERESA ROCHA – BRASÍLIA - DF

Muito bom! 👏🏻👏🏻👏🏻

Parabéns Jô, sempre nos surpreendendo !


SUMAN GAETNER – VITÓRIA - ES

Há muitos anos minha família estava indo de carro para o sul do Brasil, quando meu pai, que dirigia, dormiu ao volante e rolamos em uma ribanceira. Eu estava dormindo com a cabeça no colo da minha mãe. Acordei sobressaltada e perguntei: "mãe, nós morremos?" Eu vi o símbolo da morte: a mulher de preto com a foice na mão. Muito mais tarde pensei que Jung tinha razão sobre o inconsciente coletivo. Sabemos como ela é, sabemos que virá e essa angústia nos persegue desde sempre, mas hoje parece cada vez mais próxima. É o assunto da hora junto, claro, à crítica a este governo inconsequente, despreparado, genocida.


CHICO BRANT – BELO HORIZONTE - MG

Legal, Jô. Interessante a semelhança da fábula do Prequeté e a história do filme do Bergman.

No caso do Brasil, agora, depois da sua crônica, já sabemos quem é a ceifadora. Disfarçada, está todos os dias na mídia a zombar de nós, mortais. Abraços!


HILDA MUNIZ - VITÓRIA - ES

Oi Jô!

Acabei de ler agora seus dois últimos contos. Penso que o isolamento tem contribuído para aumentar a sua inspiração. Os dois temas são propícios para o momento atual e foram, como sempre, muito bem desenvolvidos por você. Parabéns!!! 👏🏼


DALVA - PATOS DE MINAS - MG

Jô , Enganando a Morte , é realmente o que estamos passando nesse momento. Muitas vidas sendo ceifadas e ainda muitas irão.

Li "pra aprender a enganar a morte ".

Ví que é impossível.

 


sábado, 6 de fevereiro de 2021

SOLIDÃO COMPARTILHADA

   


          Maria de Soledade era uma senhora de idade indefinida, aposentada, ex-professora universitária da Escola de Belas Artes. Seu nome era simplesmente Maria, como tantas outras mulheres, com sobrenome assaz comum. Sendo oriunda da cidade de Soledade de Minas, passou a ser conhecida como Maria de Soledade. Ela gostava da alcunha. Era uma maneira de divulgar sua cidade interiorana, um dos 15 municípios integrantes do circuito das águas, em Minas Gerais. Cidade pouco conhecida,  permaneceu à sombra das vedetes do circuito, como Caxambu, Lambari, São Lourenço, Poços de Caldas...

 Maria saiu de Soledade durante a juventude, para fazer uma graduação e nunca mais voltou. Casou-se, criou família, enviuvou, trabalhou até à aposentaria e escolheu uma cidade praiana para amarrar seu viver. Deixou o circuito das águas para radicar-se no balneário de Guarapari (ES). Sentia-se livre dos ditames do relógio, para fazer o que bem entendesse, mas a ausência do marido, dos filhos, dos netos e até mesmo dos alunos anuviava seu cotidiano. Sentia o peso da “soledade”. Ouvia músicas, via filmes, lia livros, caminhava no calçadão, furava ondas, passeava na praça, sempre a sós.  Era muito monótono estar o tempo todo consigo mesma. Após um ano de reclusão domiciliar e de isolamento devido à pandemia, o de que ela mais carecia era alguém para conversar, trocar ideias, discutir sobre um bom livro ou sobre um bom filme, até mesmo para fazer as refeições temperadas de diálogos sobre um tema qualquer.

 Maria morava em um edifício mediano e levava uma vida também mediana, sem luxo e sem dificuldades financeiras.  Mente brilhante e irrequieta, queria sair da malfadada “medianidade”. Gostaria de “balançar o galho” da rotina, de mudar o statu quo, de fazer algo inusitado... mas como, quando, onde e com quem? Quando acabaria o confinamento voluntário, porém compulsório, se quisesse continuar viva? Estava cansada da solitude.

Certo dia, saiu de casa com o duplo objetivo: caminhada e banho de sol. Ao atravessar a praça, diante do edifício, tropeçou em um paralelepípedo, desequilibrou-se e estatelou-se no chão. Um senhor, assentado em um banco, à sombra de uma árvore e mergulhado na leitura de um jornal, assustou-se com o barulho e se ofereceu para ajudá-la. Não era nada grave. Mesmo assim, com ares de preocupação, quis chamar uma ambulância. Ela recusou, gentilmente. Queria distância de hospitais, estando todos eles lotados e infestados do vírus corona que já havia matado mais de dois milhões de pessoas em apenas onze meses. Ele fez questão de acompanhá-la à casa. Maria tinha a sensação de tê-lo visto algumas vezes, mas não conseguia se lembrar de onde nem de quando. Seu semblante não lhe era estranho. Andaram lado a lado, mantendo o devido distanciamento um do outro, usando máscaras. Conversaram sobre amenidades, até se aproximarem da portaria do edifício onde ela morava. Coincidentemente ambos residiam no mesmo prédio; ela no terceiro andar; ele, no sétimo. Despediram-se cortesmente, sem delongas, não sem antes se identificarem.  Ele se chamava Yvo Abrantes.

No dia seguinte, Soledade assuntou com o porteiro sobre seu novo conhecido. Soube que era arredio, introvertido, de pouca prosa, ou pior: de prosa alguma. Por isso, segundo o porteiro, era chamado pelos condôminos de Yvo Esquivo.

 Soledade não viu nenhuma sombra de misantropia em seu interlocutor. Ao contrário: era afável, dir-se-ia um gentleman. Soube que era um desembargador aposentado, muito respeitado profissionalmente. Vivia solitário após a viuvez e, como Soledade, tinha filhos espalhados ao deus-dará, sempre ausentes. Sua mulher tinha partido vítima da covid, na primeira onda, havia menos de um ano. Durante a pandemia, era aconselhável que idosos não se aproximassem de filhos, nem de netos. Estes eram mais resistentes, mas podiam ser portadores do vírus. Yvo Esquivo e Maria Soledade estavam fadados à solidão. Não se aproximavam nem dos vizinhos. Todos estariam infectados até prova em contrário.

Dias depois, durante a caminhada diária para o banho de sol (vitamina D para aumentar a imunidade), lá estava ele, no mesmo banco, de máscara, lendo um livro. Ela se aproximou, cumprimentou-o, mas evitou incomodá-lo.

− Por que tanta pressa? − Perguntou-lhe ele. − Sente-se um pouco para descansar. Pode se aproximar. Prometo que não mordo. Ele soltou uma bela gargalhada e com isso o gelo se quebrou. Prosearam por cerca de meia-hora e combinaram de caminhar no calçadão da praia, no dia seguinte. A partir de então, dia sim dia não, caminhavam e, eventualmente, paravam para uma água de coco gelada, no quiosque mais próximo.

Em uma dessas caminhadas, a gastronomia veio à baila. Ele manifestou suas preferências por frutos do mar. Maria também apreciava sobremaneira esse tipo de culinária. Um lampejo passou por sua mente: juntar as duas solidões para um jantarzinho descomprometido. Se ambos estavam confinados havia tanto tempo, um não representaria perigo para o outro. Dito e feito. Preparou uma torta capixaba, como entrada, e uma moqueca de lagosta como prato principal. Após algumas taças de vinho, Yvo Esquivo perdeu a “esquivez”. Mostrou seu lado inteligente e perspicaz. Ele podia ser arredio com os condôminos, como se dizia pelos corredores, mas ali, diante dela, ele era uma pessoa falante, lúcida e sobretudo muito culta. Conversaram sobre os mais variados assuntos: cinema, música, literatura, viagens... Enfim, uma soirée extremamente agradável. Na semana seguinte, foi a vez de ele mostrar seus dotes culinários. Como entrada, serviu alguns acepipes, acompanhados por um champanhe original da região de Champagne. Preparou para ambos um Rôti de veau aux fines herbes, acompanhado de vinho tinto, da região de Bordeaux.

 Com o tempo, a amizade foi se estreitando e o distanciamento foi diminuindo. Os encontros noturnos eram cada vez mais agradáveis e mais produtivos. Acabaram fazendo uma programação noturna semanal. Às segundas-feiras, viam um bom filme, seguido de conversas sobre o cineasta e sua obra; às terças, jantar gastronômico, com cardápio escolhido previamente; às quartas-feiras, discutiam um bom livro escolhido com antecedência; às quintas-feiras, audição musical de ambas as preferências; às sextas- feiras, sairiam para um bom restaurante, não fosse a pandemia. Deixaram a noite de sexta em aberto, para alguma eventualidade. Os finais de semana seriam reservados às famílias, na esperança de que alguma vacina acabasse logo com o confinamento.

 Aquele estreitamento de amizade, totalmente inusitado e talvez até condenável, durante o tão propalado “distanciamento social”, transformou-se em doce rotina. Soledade quis animar mais os encontros. Sugeriu que as noitadas reservadas ao cinema e à literatura fossem em pequeno grupo de confinados, da mesma faixa etária. Não representariam perigo. Decidiram convidar dois vizinhos solitários. Ambos aceitaram prontamente. O que todos mais queriam era justamente ver gente, conversar, mesmo que não pudessem se aproximar, nem se tocar. Bons tempos aqueles em que se podia abraçar um amigo, um filho, um neto... Bons tempos dos apertos de mãos, das beijocas nas faces, para cumprimentar e despedir... Era coisa do passado.

 As normas sanitárias assim como as normas dos encontros foram estabelecidas pelo pequeno grupo. Semanalmente, todos assistiriam ao mesmo filme e leriam o mesmo livro para um “debate-papo”. A cada dia, um dos quatro ficaria encarregado de presidir o evento e de conduzir o debate.  Sucesso total. Cada um fazia questão de brindar o grupo com petiscos saborosos e coquetéis exóticos. Ocupavam uma grande mesa redonda, ao ar livre, no varandão de Soledade, de modo que mantinham o malfadado distanciamento. Como não podiam viajar fisicamente, embarcariam no tempo mítico da literatura e do cinema para evasão da “madrastez” do cotidiano.

 Yvo propôs a todos uma viagem internacional, para quando as fronteiras aéreas se reabrissem e todos perdessem o “medo miúdo da morte”. Um dia aquele pesadelo teria fim. Tudo tem um fim. Ou não? Manifestaram o desejo de visitar a belíssima tríade do Leste europeu: Viena, Praga e Budapeste. Aguardariam a abertura das fronteiras. Estavam habituados à espera. Aliás, esperar era o verbo mais usado no dia a dia, desde o início do flagelo.

Não suportavam mais as notícias midiáticas. Tragédias e mais tragédias. Faltavam vagas nos hospitais e nos cemitérios. Várias vacinas em fase de testes estavam sendo aguardadas, mundo afora. Os idosos ficariam em segundo plano para a vacinação. Primeiramente os profissionais da saúde, estes com altíssima taxa de mortalidade, devido à maior exposição ao perigo. Segundo informações, seria precisa uma segunda dose e manter-se ainda isolado durante determinado tempo, para que a vacina surtisse efeito.

 Com a monotonia do confinamento, Yvo e Soledade perceberam o quanto o ser humano é gregário. Não suporta viver isolado. Desde que se conheceram, a vida de ambos ganhou colorido e vitalidade. Estavam sempre às voltas com a escolha dos próximos livros e dos próximos filmes. Tudo era feito pela internet. Optavam por livros de domínio público e por filmes da Netflix. A viagem era feita sem sair de casa, sem se levantar do canapé. Uma nova rotina, bem mais agradável que a anterior.

 Certa manhã, Soledade se preparava para a caminhada. Haviam combinado de se encontrar no mesmo banco da mesma praça. Subitamente, ouviu o ruído de frenagem brusca, no asfalto, acompanhado de um barulho rouco, de colisão. Olhou pela janela e percebeu um corre-corre. Como estava prestes a descer, mataria a curiosidade do acontecido em poucos minutos. Ao chegar à portaria do prédio, ouviu uma sirene e, logo após, avistou um corpo estendido numa padiola, sendo colocado dentro de uma ambulância. Como estava um pouquinho atrasada, esquivou-se da aglomeração e se dirigiu à praça, onde era aguardada. Banco vazio. Olhou no entorno, deu uma volta, em vão. Abancou-se. Aguardou até se cansar, tentando espantar as caraminholas que infestavam sua cabeça. O banco continuaria vazio. Para sempre.

Jô Drumond

Fevereiro de 2021


COMENTÁRIO DOS LEITORES 

CONTO: “SOLIDÃO COMPARTILHADA”

 

JOSÉ CARLOS MATTEDI – VITÓRIA - ES

"Jô tem um estilo que aprecio muito. Narrativa leve e inteligente. Neste conto não fugiu à regra. Me vi na situação das personagens diante da 'solidão' imposta pela pandemia e diante dos medos e fantasmas que voltaram a nos atormentar. Confesso que esperava um outro final, mais otimista. Até imaginei o casal saindo pelo mundo tipo "sem destino", dando uma banana para a solidão. Mas a nossa autora foi cirúrgica, encerrando a história de acordo com esses tempos nebulosos. Mas acredito que a esperança ocupou o banco vazio... Fraterno abraço".

JC Mattedi


CACAU MONJARDIM – VITÓRIA - ES

Prezada Jô,

Que bom que você com a sua sensibilidade peculiar traçou um perfil desta fase terrível e tão vazia de encontros e convivências, principalmente, as nossas, na trajetória cultural e social. 

Meu abraço pela produção de uma solidão compartilhada. 


MIRIAM TRISTÃO – VILA VELHA - ES

Boa noite Jô

Quero agradecer muitíssimo pelo ótimo Conto "Solidão Compartilhada" que nos enviou, e também por nos dar oportunidade de conhecer e compartilhar seu excelente Blog.

Mande sempre. gostamos muito de seus livros de crônicas, contos, versos etc.

Grande abraço

          Miriam e Adilson

 

MARCOS TAVARES – VITÓRIA - ES

Li o seu conto -crônica "Solidão Compartilhada".

Um outro título poderia ser aquele, nelsonrodrigueano : A Vida como Ela É .

Compartilho desse tristemente belo desfecho: 

"Abancou-se. Aguardou até se cansar, tentando espantar as caraminholas que infestavam sua cabeça. O banco continuaria vazio. Para sempre."

Assim é a vida. 

Dentre outras, de que muito apreciei, ora destaco essas expressões: 

Sentia o peso da “soledade”. 

evasão da “madrastez” do cotidiano.

Dessa outra não achei conveniente o verbo: amarrar seu viver. 

No todo, mais um texto ilustrativo da realidade: a solidão e o desfecho após a esperança.

"C’est  la vie" , diriam os francófonos.

Vou enviar esse para um amigo-colega. Ele se verá em ambos os personagens. Espero que com ele seja menos pior o the end. 

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PEDRO SEVYLHA - ESPANHA

Bon Día, amiga. Leí tu relato deleitándome en las palabras y en el conjunto. Aprendo modos nuevos en tus escritos. Vas creando el ambiente despacio, sin prisas. Imagino las personas y el entorno cambiante, vivo sus sentimientos. Avanzo con los personajes en su avance. Me emociono con ellos, con su acercamiento, con sus reuniones, con sus almuerzos y discusiones intelectuales. Llego a Francia para regresar a Brasil. El final es esperado, pero de otra manera. Escrito así, de esa forma tan original, me dio pena, mucha pena.

En definitiva, maestría en la escritura y delicia para el lector.

Abraço

Pedro

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LOURDINHA  PEREIRA – BRASÍLIA – DF

Jô, adorei “Solidão compartilhada” e me diverti muito com a crônica. As comparações com a realidade de hoje associadas aos relatos foram muito bem colocadas... ADOREI! Muito orgulho de você

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ANATILDES NUNES – GUIMARÂNIA - MG

Jô, querida. História bonita e relato oportuno. Exemplo de Solidariedade para viver melhor esses dias de pandemia. Parabéns. Continue escrevendo. Seus contos fazem bem a todos que têm a felicidade de os ler. Bjs da Madrinha.

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CHANTAL RABY – MONBAZILLAC - FRANÇA

 

Je ne sais pas si ma réponse est partie....ton texte est plaisant, voire même émouvant trop beau et à la fois trop triste.

Merci!

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OSCAR GAMA FILHO – VITÓRIA - ES

Belíssimo conto. Domina com perfeição a arte literária, pós-doutora que é. Contudo, achei o final muito previsível, comum a contos de "arte". Acho que o entorno daria à luz, na coda, a algum realismo mágico, um encanto qualquer, para adoçar a pandemia. Subirem aos céus de mãos dadas, para um passeio eterno, talvez, pela comunhão dos santos O ritmo lento, bucólico, tornou-se rápido demais, abrupto e vago, confiando na inteligência do leitor. A expressão "para sempre" é uma saída fácil, indigna de você. Eu a omitiria. Ficou fácil demais e meio amargo.

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JEANNE BILICH – VITÓRIA - ES

Parabens, Jô! 👏👏👏

Gostei muitissimo! Delícia de se ler e até mesmo inteligente e sutil sugestão de prazerosa iniciativa de “convívio” - cauteloso & prudente - para aqueles que amam ler e são cinéfilos.

Prática saborosa, aliás, que já venho adotando nesses tempos “pandêmicos” com um grupelho (4 ou 5) de queridos & “pensantes” (rsrs) amigos. Vorazes leitores & cinéfilos apaixonados.

E tb destaco o final da deliciosa narrativa - nada piegas, ou seja, deixando de investir num tardio banal “romance de terceira idade” eclodido entre os 2 personagens, mas, sim, colocando

Ponto Final na história de modo realista, inteligente, criativo e belo!

Sim, porque as “artes do fortuito” - ainda que seja uma manifestação do Sr. Thanatos - tb não deixa de ser Arte & Beleza!

Afinal, “Todos os homens são mortais” como nos lembra o título do ótimo livro da imortal Simone de Beauvoir. Beijos 💋💋💋e ratifico meus mais sinceros cumprimentos à amiga e talentosa escritora Jô Drumond.

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MARILENA SONEGHET- BARRA DO JUCU - ES

Oi, querida, como sempre, um conto muito bem escrito e descrito. Nunca li um conto tão “redondinho”.  Como um destino bem traçado do começo ao fim – não falta nada, não sobra nada. Seu estilo é claro, límpido. Gosto muito!

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JOSÉ EDUARDO OLIVEIRA – PATOS DE MINAS - MG

Muito lindo e comovente, não fosse o final, já presumia que seria trágico, mas não por um acidente de carro.  Me enganou. 

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LUCILENE BOGADO

Oi Jô querida! Amei o conto, apesar do final ser triste. .. . Curto tudo que escreve! Adoraria continuar recebendo suas produções!

Um grande abraço e saudades!

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ÍTALO CAMPOS – VITÓRIA - ES

A vida não é previsível e controlável.

Aproveitemos os bons momentos.

Um escorregão, um vento mais forte e puf, nossa 🔥 chama apaga.

Parabéns pelo conto que nos provoca o baque.

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JOSÉ FARIA NUNES – BRASÍLIA - DF

Gostei muito de seu conto. Parabéns!! Português corretíssimo e mensagem de vida espetacular!!! Solidão não faz ninguém feliz!!!... Abraços...

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ROGÉRIO FARIA TAVARES – BELO HORIZONTE - MG

Querida Jô,

Terminei agora a leitura de seu terno e delicado conto.

É linda a história de Soledade, embora o final, com a trágica morte (presumida) do desembargador Esquivo, seja de uma tristeza imensa 

Mas a vida é assim...

A felicidade é feita de momentos...

Obrigado pelo presente!

Com um abraço fraterno 

Rogério 

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ADRIANA (AQUARELISTA) – VITÓRIA - ES

Arrepiada aqui.. lindo conto, vc escreve com maestria, amo.

Somos todos Joões e Marias.... que precisaremos em algum momento reescrever nossa história. Dar sentido ao nosso caminhar e ter coragem de seguir em frente. Esta pandemia servirá para darmos valor ao que realmente importa... a amizade, o companheirismo, a solidariedade ...enfim...solidão não significa estar só, mas vazio, sem esperança. Amei!!!

Obrigada por me presentear com seus contos, com sua maneira clara e alegre de preencher nosso cotidiano.

👏🏼🙌🏼❤🥰🥰🥰😘😘😘

Obrigada por me presentear com sua forma única de contar um conto. Adoro!! 🥰😘

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BETH CORREIA – BELO HORIZONTE - MG

Parabéns, Jô!

Muito bom, o seu conto!

Me faz lembrar o romance A Elegância do Ouriço.

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FRANCISCO CARNEIRO DA CUNHA

Para escaparem à morte da covid-19 que como diária ameaça a todos ronda no Brasil e alhures, Maria de Soledade e Ivo Abrantes destinados a uma comunhão sem os ardores da paixão que suas idades e semelhantes temperamentos não mais permitem, senão a um encontro amoroso pacífico que certamente os livraria de sua solidão então compartilhada, eles acabam topando com a derradeira que rouba Ivo de Maria mediante um desastre de carro banal em nosso país, em oposição ao destino cruel da pandemia, deixando-a mais solitária do que nunca quando no ocaso de sua vida tudo de bom lhe parecia mais do que possível, inevitável.

Desconheço teus outros contos, mas este a meu ver se pauta por uma ironia propriamente feroz...Concorda?

Grande abraço,

Francisco

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LUIS ANDRÉ NEPOMUCENO – PATOS DE MINAS – MG

Muito interessante o conto. Desfecho trágico, impactante e inesperado. Difícil pensar em desfechos diferentes nessa época em que o ser humano se sente inteiramente aprisionado a seus medos e ansiedades. A leitura é fluente e capaz de prender o leitor. Imaginei todos os tipos de continuidade, menos a que você pensou. Muito obrigado por compartilhar.

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SAMUEL MALHEIROS – VITÓRIA - ES

Jô, descrição de realismo contundente a que você acaba de fazer a respeito da densa atmosfera de solidão em que nos envolveu esse vírus devastador. Você mostra, porém, que o encontro de duas sensibilidades pode acender uma luzinha a indicar a possibilidade de superação da solidão. Infelizmente a fatalidade veio e apagou a luzinha.

 

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RAFAEL VALADÃO – BELO HORIZONTE - MG

Oi Tia Jô! Obrigado por compartilhar! História muito legal e bem contada...leitura tão envolvente que, qdo chegamos no final, dá um aperto no coração ao saber que banco não voltará a ser ocupado pelo companheiro...

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PEDRO NUNES – VITÓRIA - ES

Jô, querida, obrigado. Uma bela narrativa que nos integra nela, não só pela idade, mas por causa desse isolamento obrigatório. Há mais de ano não vejo direito minha filha. Esperava um destino melhor para Soledade e Yvo, mas é o conto, é a vida. Obrigado pela oportunidade de ler seu conto.

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SUMAN GAETNER – VILA VELHA - ES

Triste e sem final feliz. Parece um bom alerta para continuar em "soledade", mesmo que o destino o tivesse jogado na frente de um carro e não em asfixia lenta no hospital. Ele teve sorte e o final do pior, foi o melhor. Ou não?

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NILDA NUNES – PATOS DE M INAS - MG

A acabei de apreciar seu texto. Gostei do seu estilo. Detalhes importantes colocados com primor e arte. Foi um momento agradável que passei envolta na leitura. Se eu pudesse, mudaria o final. D Maria feliz com uma rotina pra lá de feliz.

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LEA FURTADO – VITÓRIA - ES

Adorei, mas gostaria de um final feliz; o de poder curtir alguém com quem ela poderia dividir suas experiências de vida.

Obrigada!

" A vida como ela é "....

👍👏👏👏😍

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NEUSA SERRANO – RIBEIRÃO DO CRISTO - ES

Li o conto "Solidão Compartilhada" e fiquei triste com o final. Estava feliz por Soledade ter encontrado uma companhia para alegrar seu isolamento. Mas sabemos que essa pandemia está sendo muito cruel. Inesperadamente, tem levado pessoas queridas, familiares, amigos, conhecidos. Soledade se viu só novamente. 😔

 

MARIA JOSÉ NUNES – PATOS DE MINAS - MG

Jô, é  bom demais ler o que escreve. Sua linguagem de fácil compreensão. Parabéns  pela artista que vc é. Um abraço

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MARILDA DIAS – PATOS DE MINAS - MG

O conto é lindo, mas não poderia ter um final feliz? Eu fiquei empolgada com o texto e esperava pelo que aconteceria ao final, pois os dois estavam dando um novo rumo em suas vidas solitárias. Mas, gostei muito. Parabéns. Um abraço virtual.